“Para o autêntico e verdadeiro, o amor é a condição, e o seu traço mais sublime é o perdão. Como anistia, como alforria, amplo e total esquecimento, amar está na raiz profunda de todo entendimento. Por isso, quando tu perdoas, por amar, expressas grandeza em relação à mesquinhez daquele que te fez sofrer, que te fez penar. Exclui-se aquele que o perdão não quer conceder, e este é semelhante a quem não que enxergar, apesar de ver. Exclui-se de quê? Exclui-se de vir a experimentar a grandeza de se superar, de viver com alegria, de perceber-se sendo; percebendo-se, ao mesmo tempo, como se foi um dia. A quem pouco se ama, pouco se chega a perdoar. E nada há nesse mundo que possa perpetuar-se se não for pela via do que significa amar. Palavra mais gasta, mais abusada, mais mal usada, mais mal interpretada que “amor” não existe. Mas não existe força ou algo mais grandioso do que amar. No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor (I Jo 4, 18). E todo aquele que ama sabe de que o amor é capaz. Só o amor é capaz de gestos e expressões, tanto na fala como nas feições, para fazer entender as sutilezas que podem haver entre o sublime e o mordaz.” (Pe. Airton Freire)