“Eu preciso rezar até às evidências e não transparecer assim um ar de tolice ou grande demência. Eu não posso mais protelar. Eu posso, até, a ocasião propícia esperar para agir, mas a decisão de agir, esta eu não posso evitar. Eu preciso perguntar quais as coisas que retornam, que estão em volta de mim. De onde elas surgem? Por que surgem? E por que teimam, insistem em querer voltar? Sejam de que natureza forem, venham por meios quaisquer que venham, essas coisas existem, e sobre elas eu preciso discernir para me posicionar, para também saber, no momento devido, como abordar. Aquele que te criou – acredita – não vai abandonar a obra de suas mãos. Ele dá continuidade à obra iniciada. De tua parte, precisas discernir a fim de que chegues ao ponto de largada. Isso que mais interiormente me comove, inquieta-me, constrange -me ou me alegra, que me faz rir ou chorar, quando começou? Quando se iniciou essa caminhada, essa coisa não estancada semelhante à sangria? Aquilo que iniciei e que não concluí, eu preciso fechar. Aquilo que deixei em aberto é semelhante a algo que eu deixei descoberto. Aquilo que eu deixei por concluir é semelhante a vir sem ir, a querer esquecer e ter que se lembrar. Eu preciso concluir o que, um dia, iniciei e saber como retomarei. Eu preciso, também, ter a coragem de avaliar, a coragem de entender por onde é possível recomeçar, para não desgastar nem me desgastar, para não ter que cobrar nem permitir que venham a me cobrar.”
Pe. Airton Freire