Estudo para o mês de Dezembro
Advento
Parte 2
A.21.7 Espera do Advento de Cristo
§840 De resto, quando se considera o futuro, o povo de Deus da Antiga Aliança e o novo Povo de Deus tendem para fins análogos: a espera da vinda (ou da volta) do Messias. Mas o que se espera é do lado dos cristãos, a volta do Messias, morto e ressuscitado, reconhecido como Senhor e Filho de Deus, e do lado dos hebreus, a vinda do Messias – cujos traços permanecem encobertos -, no fim dos tempos, espera esta acompanhada do drama da ignorância ou do desconhecimento de Cristo Jesus.
A.21.8 Incerteza do tempo do advento glorioso de Cristo
§ 673 A partir da Ascensão, o advento de Cristo na glória é iminente, embora não nos “caiba conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade” (At 1,7). Este acontecimento escatológico pode ocorrer a qualquer momento, ainda que estejam “retidos” tanto ele como a provação final que há de precedê-lo.
§674 A vinda do Messias glorioso depende a todo momento da história do reconhecimento dele por “todo Israel”. Uma parte desse Israel se “endureceu” (Rm 5) na “incredulidade” (Rm 11,20) para com Jesus. São Pedro o afirma aos judeus de Jerusalém depois de Pentecostes: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados e deste modo venham da face do Senhor os tempos de refrigério. Então enviará ele o Cristo que vos foi destinado, Jesus a quem o céu deve acolher até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de seus santos profetas” (At 3,19-21). E São Paulo lhe faz eco: “Se a rejeição deles resultou na reconciliação do mundo, O que será o acolhimento deles senão a vida que vem dos mortos?” A entrada da “plenitude dos judeus” na salvação messiânica, depois da “plenitude dos pagãos, dará ao Povo de Deus a possibilidade de “realizar a plenitude de Cristo” (Ef 4, 13), na qual “Deus ser tudo em todos” (1Cor 15,28).
§1040 O Juízo Final acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece a hora e o dia desse Juízo, só Ele decide de seu advento. Por meio de seu Filho, Jesus Cristo, Ele pronunciará então sua palavra definitiva sobre toda a história. Conheceremos então o sentido último de toda a obra da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais sua providência terá conduzido tudo para seu fim último. O Juízo Final revelará que a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que seu amor é mais forte que a morte.
§2772 Desta fé inabalável brota a esperança que anima cada um dos sete pedidos. Estes exprimem os gemidos do tempo presente, este tempo de paciência e de espera durante o qual “ainda não se manifestou o que nós seremos” (1 Jo 3,2). A Eucaristia e o Pai-Nosso apontam para a vinda do Senhor, “até que Ele venha” (1 Cor 11,26).
A.21.9 Preparação para o Advento de Cristo
§522 A vinda do Filho de Deus à terra é um acontecimento de tal imensidão que Deus quis prepará-lo durante séculos. Ritos e sacrifícios, figuras e símbolos da “Primeira Aliança”, tudo ele faz convergir para Cristo; anuncia-o pela boca dos profetas que se sucedem em Israel. Desperta, além disso, no coração dos pagãos a obscura expectativa desta vinda.
§523 São João Batista é o precursor imediato do Senhor, enviado para preparar-lhe o caminho. “Profeta do Altíssimo” (Lc; 1,76), ele supera todos os profetas, deles é o último, inaugura o Evangelho; saúda a vinda de Cristo desde o seio de sua mãe e encontra sua alegria em ser “o amigo do esposo” (Jo 3,29), que designa como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Precedendo a Jesus “com o espírito e o poder de Elias” (Lc 1,17), dá-lhe testemunho por sua pregação, seu batismo de conversão e, finalmente, seu martírio.
§524 Ao celebrar cada ano a liturgia do Advento, a Igreja atualiza esta espera do Messias: comungando com a longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo de sua Segunda Vinda. Pela celebração da natividade e do martírio do Precursor, a Igreja se une a seu desejo: “É preciso que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3,30).
A.21.10 Transfiguração como Prelibação do Advento Glorioso de Cristo
§556 No limiar da vida pública, o Batismo; no limiar da Páscoa, a Transfiguração. Pelo Batismo de Jesus “declaratum fuit mysterium primae regenerationis – foi manifestado o mistério da primeira regeneração”: o nosso Batismo; a Transfiguração “est sacramentum secundae regenerationis – é o sacramento da segunda regeneração”: a nossa própria ressurreição. Desde já participamos da Ressurreição do Senhor pelo Espírito Santo que age nos sacramentos do Corpo de Cristo A Transfiguração dá-nos um antegozo da vinda gloriosa do Cristo, “que transfigurar nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso” (Fl 3,21). Mas ela nos lembra também “que é preciso passarmos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus” (At 14,22): Pedro ainda não tinha compreendido isso ao desejar viver com Cristo sobre a montanha. Ele reservou-te isto, Pedro, para depois da morte. Mas agora Ele mesmo diz: Desce para sofrer na terra, para servir na terra, para ser desprezado, crucificado na terra. A Vida desce para fazer-se matar; o Pão desce para ter fome; o Caminho desce para cansar-se da caminhada; a Fonte desce para ter sede; e tu recusas Sofrer?