“Na casa de meu Pai, são muitas as moradas.” (Jo 14, 1)
A vida inteira, estamos saindo e voltando para casa.
De uma casa partimos, para uma casa voltamos.
A nossa própria casa, assim como nosso nome, ao longo da vida construímos.
Há pessoas que não têm Casa e vivem na rua.
Outras vivem na rua como se estivessem em casa.
Há quem em casa habite, mas viva alheio ao que lá se passa.
Há quem busque casa como quem precisa de pão e paz.
Casas cheias e vazias (de que, de quem, por que, por quem?) a qualquer hora, noite e dia, por toda a parte, há.
Há quem saia e volte e há quem nunca retorne mais para casa.
Pessoas há que, sem casa, se perderam.
Outras viram e viveram perdas em casa.
Há quem se case e descase-se.
Quem de casa não faça caso.
Casos há dentro e fora de casa.
Quantos casos! Quantas casas!
Casas e casas!
Uns fazem do lar só uma casa.
Outros de uma única casa fazem o seu lar.
Por que será?
Quantas moram em casas, embora não se sintam lá?
Quantas moradas em casa há?
Como uns com os outros inter(ferem)?
Quantos, em casa, esperam pelo que em casa não há?
Casas e casas! E casam-se, cortam ou dão asas a que, a quem? Nunca sim? Sempre amém?
No final de tudo ou mesmo, contudo, estamos todos voltando para casa.
Em dia e hora nunca dantes marcados, o que independe de querer.
A Casa onde moras, definitivamente,
É o espaço do mais sagrado recôndito de toda e qualquer intimidade,
O inegociável, a todo o custo a ser preservado.
A tua casa.
Pe. Airton Freire