“Faz-me saber o caminho que devo seguir, porque a ti levanto a minha alma.”
(Sl 143, 8)
Se tu tiveres claro aonde queres ir, poderás, naturalmente, seguir um caminho que, apesar de dificultoso, dar-te-á o rumo e a direção por onde deves ir, mas, se não for claro para ti aonde tu queiras chegar, ficarás tateando, buscando, sem que a ti mesmo possas, primeiramente, encontrar.
É preciso, então, ser preciso acerca do que queres na vida ser, fazer e encontrar. Sobretudo, fica atento se houver uma tensão entre mente e coração, pois tais tensões respondem por elementos desnecessários, desgastes que podem ser evitados.
Se o sentido, em tua vida, já fosse para ti suficientemente claro, evitarias descaminhos. Lembra-te de que mesmo as aves que povoam os céus têm sua morada, sabem o caminho dos seus ninhos. Tu não precisas ficar indo ali desejando estar aqui; tu não podes estar lá desejando permanecer do lado de cá.
(Des)caminhos começam a acontecer quando, não tendo clara a tua opção, optas por coisas que poderão interiormente te enfraquecer. (Des)caminhos, na vida, começam a acontecer quando, apesar de tudo o que tu fazes, tu não tens claro o para quê.
Se tiveres, pois, claro, o que dizer e como proceder, chances maiores serão de que não venhas a te perder. Tanto perdas na ordem dos teus ditos, quanto perdas acerca das coisas que tu venhas a fazer.
Há pessoas que se perdem pelo que dizem, e há outras que se perdem pelo que fazem. Há outras que se comprometem quando se omitem.
Entre o dito e o feito, muita coisa pode acontecer. Os malditos, os benditos, os reditos, os bem-feitos, os malfeitos e os refeitos são elementos que, ao longo da vida, vão sendo pontuados e mostrando que característica tua se sobressai.
Todo aquele que trilha um caminho precisa ter claro aonde queira chegar. Isto já foi dito, e, outra vez, agora, volto a afirmar: entre a partida e a chegada, muitas coisas podem se perder; outras poderão se conservar; e, no final, haverá de se registrar o quanto por elas terá valido a pena lutar, sofrer, amar e até viver.
Lembra-te de que não vives apenas para administrar o teu momento presente. Um sentido pervade tudo que fazes, mesmo que nem sempre a isto estejas tu atento. O rio segue um curso em direção ao mar. Havendo dificuldades, o rio sabe, com sabedoria, como contorná-las. O importante não são as curvas que ele possa fazer, mas que, no final das contas, o objetivo da largada coincida com o objetivo da chegada.
(Des)caminhos são possibilidades vindas de registros passados e não resolvidos, que poderão ser vividas num outro momento. Eles poderão bloquear teus melhores intentos, aqueles que, no início da jornada, estavam presentes. Observa, então, o que caracteriza o teu atual momento, quais os pontos que formam o traço em ti mais presente. Considera todo dizer e todo fazer com os quais estás te acompanhando, vivendo, trabalhando, pois eles são uma chance oferecida.
Os teus ditos e os teus feitos revelam os teus objetivos, virtudes e defeitos, e, sobre isto, convém pensar, pois todo aquele que faz uma caminhada precisa fazer, por vezes, parada, sob o risco de não mais se encontrar.
(Pe. Airton Freire)