“O amor ultrapassa o que concebe a mente. E, mesmo no coração, poderá o amor sofrer do coração usuras. Não é possível, no entender da criatura, que tamanha grandeza desça tanto a fim de ser amada. Amor, sublime que é, como pode querer limitar-se, se ilimitada é sua forma de ser, própria razão de ser que é? Como é possível ao amor compreensível ser a todo ser, se nele se exige que o sujeito se torne, com ele, uno como ele é? Quem dera que tu, vindo a amar, do amor, ao menos, dizer pudesses. Quem dera que enxergasses a vida como o amor enxerga a ti, quem dera! Quem dera que, amando, viesses tu a compreender o que a ti aconteceria. O amor é, por inteiro, simples, sem mistura. Comunicando-se, ele revela a ti, revelando a si. E, por esta via, virás a saber mais de ti mesmo do que, sozinho, qualquer conhecimento de ti próprio poderias ter. O amor, chegando a ti, mais presente em ti ficará do que tu próprio em ti mesmo estás. E tu, estando nele, mais presente em ti mesmo ficarás. Na sua transparência, tu te conhecerás, e a ti próprio conceberás bem mais do que a ti próprio conceber pudera. Quando vier a ti o esposo de tua alma, ela nele poderá, enfim, descansar e adormecer. Pois é ele que te acorda, desperta-te para a vida e te dá, na vida, razões de ser. Ser para a vida é o encanto da alma; da alma que é amada pelo amado de seu ser.” (Pe. Airton)