“Tens uma silenciosa presença que te revela. Impossível é que te dês a conhecer, sem que comuniques o que é inerente a teu ser. Vem daí que aqueles que te amam revelam traços que são teus. Tu estás neles como presença, não só como objeto de um saber. Saber de ti é amar-te. Ninguém te amaria sem te conhecer. Estás nos que te conhecem, porque te amam. Neles estás, porque outra coisa não fazes sendo amar. Compreendo, então, assim, que, ofendendo aqueles que são teus, é a ti, primeiramente, que se ofende, pois neles tu estás. E adorar-te é aproximar-se de ti. Na verdade, adoram-te os que te amam. Eles te amam porque, na verdade, são teus. No mundo vivem, pois, no mundo, precisam estar. Eles dão testemunho de ti, e tu não os esqueces. Neles, está tua habitação. Isto vem de ti. É tua decisão. De onde vem, pois, que por lugar de tua moradia escolheste o coração? Teus não são os céus, os mares, os abismos? Teus são miríades, galáxias, constelações, elementos, o universo em expansão – tudo enfim? A ti, não servem poderes, principados, potestades. De onde vem que te tornastes homem, que aceitastes morrer, como morre o grão? De onde vem que quisestes que aprendêssemos de ti, que fôssemos como és, que o nosso fosse como é teu coração? Como entender que, sem nada perder de ti, acrescentaste a nós o que vem de ti? Por que, quando nos criaste, quiseste-nos semelhantes a ti? Ó abismo, riqueza de amor incomparável! Dá-me enxergar. Livra-me do mal. Dá- me teu pão. Mata minha sede na hora da precisão. E, que vindo eu nada a mais ter, que tenha eu somente a ti. A ti somente, de todo o coração.” (Pe. Airton)