5 de outubro de 2017
servos da terra

“Ó meu Jesus, dai-me a graça de eu ser um instrumento dócil em Vossas Mãos.” (Diário de Santa Faustina, 1401).

A misericórdia divina revelou-se manifestamente na vida desta bem-aventurada, que nasceu no dia 25 de agosto de 1905, em Glogowiec, na Polônia Central. Faustina foi a terceira de dez filhos de um casal pobre. Por isso, após dois anos de estudos, teve de aplicar-se ao trabalho para ajudar a família. Com dezoito anos, a jovem Faustina disse à sua mãe que desejava ser religiosa, mas os pais disseram-lhe que nem pensasse nisso. A partir disso, deixou-se arrastar para diversões mundanas até que, numa tarde de 1924, teve uma visão de Jesus Cristo flagelado que lhe dizia: “Até quando te aguentarei? Até quando me serás infiel?” Faustina partiu então para Varsóvia e ingressou no Convento das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia no dia 1 de agosto de 1925. No convento tomou o nome de Maria Faustina, ao qual ela acrescentou “do Santíssimo Sacramento”, tendo em vista seu grande amor a Jesus presente no Sacrário. Trabalhou em diversas casas da congregação. Amante do sacrifício, sempre obediente às suas superioras, trabalhou na cozinha, no quintal, na portaria. Sempre alegre, serena, humilde, submissa à vontade de Deus. Santa Faustina teve muitas experiências místicas onde Jesus, através de suas aparições, foi recordando à humilde religiosa o grande mistério da Misericórdia Divina. Um dos seus confessores, Padre Sopocko, exigiu de Santa Faustina que ela escrevesse as suas vivências em um diário espiritual. Desta forma, não por vontade própria, mas por exigência de seu confessor, ela deixou a descrição das suas vivências místicas, que ocupa algumas centenas de páginas. Santa Faustina sofreu muito por causa da tuberculose que a atacou. Os dez últimos anos de sua vida foram particularmente atrozes. No dia 5 de outubro de 1938 sussurrou à irmã enfermeira: “Hoje o Senhor me receberá”. E assim aconteceu. Beatificada a 18 de abril de 1993 pelo Papa João Paulo II, Santa Faustina, a “Apóstola da Divina Misericórdia”, foi canonizada pelo mesmo Sumo Pontífice no dia 30 de abril de 2000.

Santa Faustina nos apresentou três formas de devoção à misericórdia de Deus: o quadro de Jesus Misericordioso (com a imagem do Ressuscitado abençoando o mundo, com as inscrições ‘Jesus, eu confio em Vós’), a Festa da Misericórdia (celebrada no primeiro domingo depois da Páscoa), e o terço da Misericórdia Divina (diariamente às 15h). Com estas três formas de devoção estão ligadas promessas de grandes graças. A Irmã Faustina experimentou estas bem-aventuranças, recomendando a misericórdia divina a todos os necessitados, começando pelas pessoas tentadas a cometer pecados graves, pelas moribundas e até as almas sofredoras do purgatório. O Senhor Jesus revelou que ser testemunha da misericórdia é um dom que precisa ser partilhado com os outros: “Filha minha, se por ti exijo das pessoas honra à Minha misericórdia, tu deverás ser a primeira a enfatizar esta confiança em Minha misericórdia. Exijo de ti atos de misericórdia, que deverão sair do amor para comigo. A misericórdia terá de ser demonstrada sempre e em todo lugar aos próximos, não poderás disto te demover nem te rejeitares” (Diário, 742). A misericórdia – de acordo com as indicações de Cristo – deve ser demonstrada em ações, palavras e oração. No Diário – que é o livro da vida de Santa Faustina – lemos sobre os atos dela por misericórdia ao próximo. A santa mostrou com sua vida que não se trata de atos espetaculares, que ultrapassam nossas possibilidades, mas em assumir as obrigações diárias com amor. “Jesus, dá-me conhecer e compreender no que consiste a grandeza da alma: não em atos relevantes, mas no grande amor. O amor tem valor e ele dá grandeza aos nossos atos. Mesmo que nossas ações sejam pequenas e comuns em si mesmas, por causa do amor tornam-se grandes e poderosas diante de Deus – razão do amor” (Diário, 889). E, neste espírito, a simples religiosa penetrou pela porta da santidade, cumprindo ofícios de cozinheira, jardineira e porteira nas casas da congregação em Cracóvia, Łagiewniki, Płock e Vilno. Nisto exercitou-se nas três virtudes, que – como a transmitiu Nossa Senhora – são as mais caras para Deus: na humildade, na pureza e no amor a Deus (conf. Diário, 1415).

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