“É preciso que te diga que na alma humana encontra mais guarida aquilo que a torna livre e não de frequente ressentida. O que mais de frequente cala no coração é a forma de ser, a que se revela no ato de se fazer, muito mais que tudo o que em ti possa se apresentar segundo tão-só teu bem-querer. A forma como algo vem a se dar conta muito para o que há de permanecer em preparação para o que depois virá. Por isso, quando tiveres de fazer ou dizer algo, cuida da forma, cuida da modalidade, porque o meio é também a mensagem, e a mensagem diz do conteúdo mais do que o próprio continente em si possa conter. Exemplo: o copo é o continente; a água é o conteúdo. Não só a água, mais como se bebe, dizem do todo, de tudo. Existe o dizer e a forma de dizer; existe o que é dito e o que se dá a entender, mas nada permanece mais intensamente do que o que no interior (conteúdo) de alguém se guarda, em gesto (continente) expresso. Isto é bem mais do que as palavras poderiam expressar ao se dizer. A forma como tu hás de fazer, a maneira como tu hás de executar, diz muito do que em ti mais intimamente há, e, afinal de contas, a lição do que permanece passa pela forma de se dar. A forma (o meio, o continente) conta muito em tudo o que vieres a dizer ou fazer, pois nisso se revela o que mais intimamente vai no teu ser, e nada cala mais intimamente no coração, sendo-lhe condizente, que tudo o que preserva o equilíbrio entre coração e mente. Guarda contigo esta lição: no meio está a mensagem, isso é verdade e não pode ser posto à margem.” (Pe. Airton)