“Todo aquele que faz um percurso, ao longo de um ano, por exemplo, experimenta, com maior intensidade, pelo menos uma das estações: inverno, verão, outono e primavera. Cada uma delas, com sua dor e seu encanto, faz entender que o que hoje é amanhã não será. Tudo tem seu tempo. Tudo vem e traz consigo uma lição em seu momento. Mesmo para o que tu consideras de grande aridez – prolongado verão, longo deserto – vez haverá para que, em tempo devido, percebas bem próximo de ti o que, naturalmente, virá com a marca do dizer: “Oásis sou, estou aqui”. Isto equivale a dizer que, próximo a ti, oásis há com o qual poderás te encontrar também. Há em tudo uma lição. Tudo tem sua razão de ser e seu valor: seja gelo do inverno, em frio cortante; seja a primavera, em beleza como nunca antes vista; mesmo as chuvas do outono; em cores flamejantes, mesmo o verão, de luz e calor revigorantes – tudo isto tem seu limite e seu valor, sua dor e seu encanto. Que não se sinta tua alma, por ninguém ou por nada, suficientemente saciada, presa ou largada, pois tudo o que vem passa e sempre passará; só o amor com que tiveres vivido, intensamente, permanecerá. Qualquer fase que agora estejas vivendo – verão, outono, primavera, inverno – de forma branda ou intensamente, tem sua própria duração, e, por isso, eu te digo: a nenhuma dessas estações se sinta tua alma presa, encantada ou desolada; todas elas, convém viver intensamente, mas não te prendas a nenhum fruto deste momento. Entre o que passa, busca o que não passa (e o que não passa é permanente em qualquer estação). Consegue, então, identificar o maior valor que em ti há, esse que, ao longo de qualquer estação, é preciso preservar. Hás que neste valor permanecer por ser teu referencial estável do qual procede tua mais cara razão de ser. Sem ele, não tens razão para continuar.” (Pe. Airton Freire)