“A falta de agradecimento torna irmãos e semelhantes próximos, estranhos. O não agradecimento quebra um vínculo que poderia ser restabelecido, que poderia ser iniciado ou fortalecido, mas que, em sua ausência, fica como um dito que tenha ficado por se dizer, como uma expressão que não tenha conseguido anunciar o que, se o fosse, levar-te-ia a crer. A ausência de agradecimento coloca aquele que não agradece na vertente mais difícil de ser acreditada, sobretudo por parte daqueles de quem se espera uma gratidão, um ato, um gesto que possa vir a ser pronunciado. A ausência de agradecimento faz ferir o coração, torna doente os sãos tanto quanto o agradecimento abre possibilidades de se fazer de estranhos irmãos. É a ausência de gratidão que tanto fere a Deus, amesquinha a alma, quanto maltrata o coração. Por dever não se agradece. Se por dever fosse o que se deveria, qual planta, ausente da luz, feneceria. Cumprir-se-ia o rito: ao cerne não chegaria. A planta feneceria.”
(Pe. Airton)