José, “homem justo” (Mt 1,19), decidiu-se, certa vez, por realizar um ato de desistência, “em segredo” (idem). Desistiu. Assumiu a família (esposa e filho) e cooperou, ao fazê-lo, com o plano de Deus. Reverteu, portanto, uma situação por causa de sua decisão. Sua justiça aliou-se ao bem. Do temor de “receber” (Mt 1,20) aquela que o Senhor lhe havia dado, Maria, e o que nela estava sendo gerado, Jesus, que tinha por missão “salvar seu povo de seus pecados” (Mt 1,21), José saiu de seu estado de estar sozinho (“não é bom que o homem esteja só”- Gn 2,18) e constituiu uma comunidade familiar com Maria e o menino.
Precisava José “despertar do sono” e fazer como o “Senhor lhe ordenará”. Teria José que constituir uma família, com Maria, e recebê-la “como esposa” (Mt 1, 24), reconhecendo era do “Espírito de Deus” o que com ela se passava. Maria gerava. A José gerir a família competia.
Por sinais, mensagens, o Senhor fala. Ele, o Altíssimo, faz despertar a quem se dispõe a escutá-lo. Ao lhe ser dito “tu o chamarás pelo nome de Jesus” (Mt 1,21), tinha José por missão dar nome ao Filho. Estava definido o lugar que era unicamente seu, o de ser pai daquele que, gerado no Espirito, tornava-se, ele próprio, “Deus conosco” (Mt 1,23).
Não há em José palavras. Os atos falam. Ele nada diz, nada promete, mas escuta, assume e realiza.
“E tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor.” (Mt 1,22)
Pe. Airton Freire