“O certo é que aqui chegaste. Não podes dizer que sempre viveste em felicidade, mas, com certeza, viveste a tua verdade, e, chegado o momento em que estás, tu podes avaliar, afinal de contas: “Ao longo da minha vida, de quanta coisa fui ou não capaz?” Não te digo tais coisas para que possas chorar o leite derramado ou exultar por grandes feitos realizados, mas para que não percas a consciência de tua história pelas inscrições que vêm de teu passado. Pois aquele que tem ciência do que tenha vivido até então, saberá, a partir da sua história, o rumo e a direção que poderá dar a antigos ou a novos acontecimentos. O que não podes é viver ao sabor dos ventos, administrando as ocasiões conforme elas forem se te apresentando. Pois, a continuar desta maneira, persistirás até quando? O certo é que carente, faltante, sempre haverás de ser, e essa brecha, essa falta constante e estrutural que te acompanha em busca de preenchimento haverá de com vida te manter. Administra tuas demandas, aquelas que partem de ti ou que chegam de fora. Já conheces o sentido da história suficientemente para saber do que foste e do que ainda és capaz. Não venhas tu a te perder por coisas que poderias evitar. Não venhas tu a retardar o que, a depender de uma decisão tua, muito bem ainda poderia fazer. Prós e contras existem sempre, qualquer que seja a decisão que venhas a tomar. Todavia, a conviver com o que se antepõe a teus valores, hás de aprender.” (Pe. Airton)