“Tu és a melhor parte, repito, de tudo o que te vier a acontecer, e isso precisa ser preservado. Do contrário, se te perderes em função de determinados acontecimentos, terás sucumbido à batalha bem antes de nela entrares. Tu és a melhor parte, e esta precisa ser salva. Por outro lado, na medida em que se vive de si para si, como ser isolado, gera-se um sofrimento, um descontentamento por não se ter o melhor de si com o outro partilhado. Não partilhar o que de melhor em si existe é algo passível de riscos. Há, contudo, que se pensar: se tu te propuseres a chegar a algum lugar, este intento, sozinho, jamais realizarás, porque, embora a decisão seja tua, tudo está ligado com tudo, e nada do que existe começou sem que uma rede de elementos cooperasse para que viesse a se efetivar. Diante do outro, enquanto distinto, diferente, ficarão patentes limites e potencialidades. Portanto, a necessidade de realização e de superação de limites faz-se presente em nós em cada situação em que somos interpelados e marca o momento de parar ou de seguir em frente. Partilhemos, portanto, o que somos, como condição de revigorarmos o novo enquanto é tempo. Se isto vier a acontecer, razão terás tu, terei eu, teremos nós para desatarmos os nossos nós e recuperarmos a alegria de viver. Isso não é tão somente um sonho; é um projeto de vida, uma forma de ser, de estar, um jeito de viver.” (Pe. Airton)