“Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz Aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer. Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais Eu também odeio. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.” (Apocalipse 2, 1-7)
No início desta passagem é enfatizado que precisamos nos lembrar da presença de Jesus. Ele anda no meio das Obras da Terra, observando nosso procedimento. Segurando as sete estrelas, Jesus demonstra-nos seu poder e domínio sobre o Corpo Igreja, do qual somos parte integrante.
Jesus reconhece as virtudes da Igreja de Éfeso, que podemos interpretar como Corpo da Terra.
“tanto o teu labor como a tua perseverança”: Reconhece nosso serviço ao Reino e nossa perseverança nas tribulações.
“e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são”: Reconhece nossa consagração à verdade. A defesa da verdade é um traço forte da nossa espiritualidade, uma vez que no mundo estamos para darmos testemunho da Verdade, que é Cristo Jesus (cf. Jo 14, 6).
O problema dos efésios, que neste contexto interpretamos como Corpo da Terra, não é uma questão de doutrina correta, mas de amor: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor” (Apocalipse 2, 4). Assim, questionemo-nos: Esquecidos estamos dos dois grandes mandamentos que formam a base para todos os ensinamentos de Deus?
“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.
Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” (Mateus 22, 37-40)
Estamos nós a perder a marca principal de um cristão?
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (João 13, 35)
Ao Corpo da Terra, então, fica clara a mensagem de que não se pode estabelecer um conflito entre o Amor e a Verdade. O que o Senhor nos pede é que defendamos a Verdade e pratiquemos o Amor. “Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor. Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.” (Efésios 4, 2.16)
Como São Paulo pediu aos efésios, hoje nos é solicitado que “seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (cf. Efésios 4, 15).
Ainda em Apocalipse 2, Jesus faz três pedidos aos efésios, que neste momento se direcionam ao Corpo da Terra:
“Lembra-te, pois, de onde caíste”: Devemos nos lembrar da comunhão com Deus, recordarmos da primeira aliança. Nosso trabalho para o Reino não pode substituir nossa relação com o Senhor. Não podemos anunciar Sua fé e sermos indiferentes à Sua presenca.
“arrepende-te”: Jesus nos chama ao arrependimento. O Corpo da Terra precisa se arrepender, uma vez que esfriou-se o Amor. “O pecado é primo-irmão da ingratidão, do desconhecimento, da ausência do arrependimento, pecar sem pedir perdão, pecar para aliciar, para maltratar, para se enfastiar, para se envaidecer, para gozar, para pisotear, para… Isso é o acúmulo da alienação” (Pe. Airton Freire). “Arrepende-te, pois, dessa tua iniqüidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração” (Atos 8, 22).
“e volta à prática das primeiras obras”: Se voltarmos à prática do Amor, produziremos frutos. Por meio das Obras da Terra, o testemunho do Amor revelará a sinceridade da nossa conversão. “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3, 8).
A passagem também revela que a consequência ao não arrependimento é grave: “se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Apocalipse 2, 5). Assim, se não nos arrependermos, não permaneceremos em uma abençoada comunhão com o Senhor.
“Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais Eu também odeio” (Apocalipse 2, 6). Neste ponto, os efésios odiavam o que Deus odiava, e nós devemos ter a mesma conduta.
Devemos ser fiéis às doutrinas e perseverantes na fé. As tribulações virão, mas não poderão nos abalar. “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.” (1 Coríntios 15, 58)
Então, entendemos que todo o conhecimento, dons, fé e obras não podem substituir o nosso amor a Deus e ao Corpo da Terra. O amor é a marca dos cristãos. Sem ele nossa fé é questionável. “O que eu peço de ti é amor à verdade e teu despojamento” (Pe. Airton Freire).
“Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus” (Apocalipse 2, 7). Confiemos que a vida eterna aguarda os Semeadores da Terra que perseveram no Amor e na Verdade. Do Amor Primeiro não nos afastemos “para que no Espírito, dom de Deus, sejamos transformados e, pelo mesmo Espírito, revelemos ao mundo a Verdade que está em seu Filho amado” (Pe. Airton Freire).
Serva da Terra