“Há certas coisas que fascinam e que nos ensinam como devemos, na vida, proceder. Há fascínios que cegam, entorpecem, não deixam claramente ver. O que fascina facilmente ensina a ganhar ou a perder, a depender de por qual ângulo se olha, do lugar de onde se vê. Existe um fascínio que nos leva a nos encantar e, por causa dele, mesmo nas crises, dificuldades múltiplas ultrapassar. Há um outro, contudo, que não permite enxergar. Dados de realidade, ele pode obliterar. Fascínios ensinam, animam, cegam, obliteram. Há que se discernir. Nem todos os dados são, de per si, visíveis em sua veracidade. Há que se perceber o que cega e o que nos faz ver e faz querer vencer. Há um fascínio que leva a um avassalamento, a um não saber mais de si, criando o espaço da ilusão. Precipita quem lhe estiver assujeitado a tomar intempestivas decisões. Fascínios existem que nos levam a nos encantar e, mesmo no que for difícil, vêm com a certeza de que se haverá de triunfar. Esse fascínio, mesmo na provação, não faz morrer, dissipa a ânsia, acalenta a esperança, faz crescer. O que fascina o olhar há de ter, na vida, adequação. Do contrário, é ilusão, dunas no deserto, em permanente mutação. O que leva dos limites à superação fascina a querer viver. Enxerga perto, apesar de longe, clara visão que o olhar abrange. Novo estilo de ser e de viver.” (Pe. Airton Freire)
“Aquele que pede se coloca, ao pedir, na condição de quem é carente. Aquele que recebe a demanda precisa disso estar bem ciente, a fim de que, vindo a ofertar, faça-o como quem recebe, e seu gesto possa aproximar, expressando o amor solidário, ao invés de afastar. Há pessoas que dão para manter afastado. Há quem dê para disso não mais ouvir falar, e há os que fazem da própria doação o sentido que encontram em partilhar. Deus sabe de tuas necessidades bem antes que tu venhas lhe pedir, mas, se pedes a Deus, é para que se estabeleça entre Ele e ti um vínculo de confiança, necessário para que Ele possa agir. O ato de dar e de receber precisa encurtar distâncias, ao invés de criar dependência, medo, ânsia ou alguma inconveniência. Partilha é oásis cujo efeito é refazer. Ao alcance de todo ser que vive, está fazer esse ato acontecer. Negar-se-lhe, então, por quê? Faze, portanto, com que doar resulte em aproximar, ao invés de afastar, camuflar ou manipular. Tu mesmo de muitas coisas és carente e a Deus tens te dirigido de frequente. Confia para que o Senhor possa, em Sua misericórdia, atender-te. De tudo, Ele sabe, antes que venhas a lhe dizer. Precisa Ele, contudo, de assentimento, expresso em atos de confiança, a fim de agir pelo Seu onipotente poder.” (Pe. Airton Freire)
“Toda dúvida é pesada. Da ganância e da desconfiança, o mal é alimentado. É preciso aproveitar o tempo que nos é dado, pois não sabemos quanto tempo temos para que o fruto do que fazemos seja maturado. O que pode ir em frente não convém deixar de lado. Quem se esvazia do que pesa, atravessa desertos com menos dor e mais cuidado. Tudo o que do amor tem a marca é seguro legado. Desertos nem sempre são distantes; podem estar ao lado. Se difícil for em desertos ainda por um tempo permanecer, doloroso, igualmente, é com certos limites conviver. Desertos, assim, por quê? Cada fase da vida, assim como cada estação do ano, tem sua dor, que é seu deserto e seu encanto. Desertos, decerto, sempre haverá.” (Pe. Airton Freire)