“Guarda isto: é a esperança do achado que te faz esperar ou avançar. É a esperança de que tu vais encontrar que te leva a tomar certas providências, a sofrer certas demoras e resistências internas e externas. Sem esperança, não há motivação para prosseguir. Mesmo que elementos te pareçam contrários e, por vezes, sintas vontade de desistir, na esperança – e somente nela -, terás como prosseguir. Se ela em ti for açoitada, se não encontrar acolhida, abrigo em tuas moradas, poderás perdê-la e, em consequência, perder-te, o que de pior a ti poderia acontecer. Se a esperança em ti for açoitada, ela procurará outras moradas para se instalar. É a esperança do achado que te faz suportar certas esperas e vencer algumas resistências internas e externas. Em razão disso, és convidado a dar os próximos passos. Os passos teus, tendo o aval do alicerce seguro, farão com que avances e venças quaisquer pelejas que, eventualmente, venhas a encontrar. A segurança de que conduzes com responsabilidade e sentido, perseguindo um objetivo, poderá vir como resultado de coerência de vida em reta intenção. Todavia, com o inesperado, precisas também contar. Sabendo que o inesperado é a variável possível do planejado (disso eu tenho falado), tu precisas estar preparado para as eventualidades. Se estas, contudo, tornarem-se o traço mais comum em um projeto no qual desejes seguir em frente, hás que avaliar, primeiramente, o que vem por tantas intercorrências que resultam em descontinuidade de um projeto pensado para ser consequente e permanente.” (Pe. Airton)
“Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam” (Tg 1, 12).
Toda aprovação é antecedida por uma provação nos pontos em que tu és mais vulnerável. És provado para que, fortalecido, possas ser aprovado por Aquele que, de constante, tem estado aos teus cuidados. O que tu precisas, na verdade, é confiar, sabendo que, por mais escura que seja a noite, com certeza o dia vai chegar. Quanto mais a noite avançar, o dia se aproximará. Malgrado o mal seja um cão louco e cego, escondido em cada esquina, o Senhor é Aquele que está contigo em qualquer situação, que te livra do laço do caçador e põe limite a toda e qualquer tribulação. Pois tudo tem a dimensão e a duração que a Providência marcar. Para além de tuas possibilidades, jamais haverás de ser tentado. O que se pede de ti é constância na fidelidade, para que possas merecer a graça, que, por sua vez, gratuitamente te é dada. Lembra: “Ao que é fiel nas pequenas coisas, mais ainda lhe será dado; ao que é infiel, até o pouco que tem lhe será tirado” (Lc 8,18). O que não podes é, na provação, querer vacilar, porque isso corresponderia a ceder à tentação, por torná-la acesa por resquícios que, em ti, certamente, há. O que se aprova, na provação, é a tua capacidade de acreditar e superar, sabendo que a obra em ti iniciada a bom termo, com certeza, chegará.
Nada vem para, eternamente, ficar. Guarda isto: o que atribula a ação é, exatamente, a não persistência na confiança. Havendo desconfiança, não haverá avanço. Na ansiedade, a tua alma não chegará à saciedade, por bloqueios à obra em ti iniciada.
O que atribula a ação é a falta de confiança, falta que gera ânsia e de que é preciso afastar-se. O que limita a ação que à libertação conduz vem de esquivar-te do que abre espaço a novas condições em que só a Verdade reluz. O que limita é fruto da inconstância, que torna malsucedida a execução das melhores intenções por mais bem planejadas que tenham sido.
Então, responde, em termos de (a)provação: o que te lança como um barco à deriva e em novas situações se reedita? O que parece para ti, por vezes, não ter solução? Responde, pois: onde se fundamentam as tuas maiores certezas? Onde, por vezes, tu te sentes como uma nau na correnteza? O que te parece, na verdade, valer a pena tentar? Onde tu percebes, mais uma vez, ter que recomeçar? Onde a tua esperança pode ser mais fortalecida? Onde a tua caridade mais profundamente precisa ser exercida? O que não fazer ou o que fazer para que não se abram tuas antigas feridas? Onde se localiza a razão de tua maior alegria e onde sentes precisar de uma carta de alforria? Do que não podes desistir? Até onde tu podes ir? Qual o objetivo maior que te faz viver (que é bem mais do que simplesmente existir)? Responde, pois, ao teu coração e trabalha, positivamente, resgatando para ti coração e mente, a fim de que, ao longo da tua jornada, não te percas e chegues ao ponto de chegada.
Aprovação existe para os que não fazem concessão e não desistem dos objetivos presentes no momento da largada.
(Pe. Airton Freire)