“Viver é um ato de esperança; pois, sem ela, não se teria um motivo para se viver. A esperança está à nossa frente, ocupa nosso coração e a nossa mente, e, pela mesma esperança, trabalha-se a realidade, buscando modificá-la. Vivemos na esperança de que algo, um dia, possa se alcançar. Sobretudo, o desejo mais profundo de cada ser humano que é, nessa vida, realizar-se. Sem esperança, não se pode viver. Nela, há um grande bem, e, os que dela se acercam, da verdade, não estão aquém.” (Pe. Airton Freire)
“E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda […] Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido” (Is 30, 21; Jó 42, 2).
Intempestivas decisões são tomadas quando, pela vertente negativa do fascínio, a tua alma for tomada. Intempestivas decisões podem levar-te a desequilíbrios internos e externos em quaisquer ocasiões. Se tu estiveres de tal forma fascinado por algo que deixe a tua alma avassalada, não terás condição, em sã razão, de fazer, a partir daí, qualquer superação. Daí a necessidade de, em momentos assim, não tomar decisões com consequências duradouras, uma vez que tal estado pode bloquear teu coração e obliterar tua mente. Convém deixar passar o que te leva a se fascinar e, pela vertente mais escusa da palavra, não te leva a superações. Ao tomar intempestivas decisões, em momentos indevidos, perceberás, por atos daí decorrentes, não haver nisso nada que traga em si sentido. Guarda bem o que te digo.
Toda pessoa já viveu, na vida, um encantamento (que encanta a mente e encanta o coração, sem coação, naturalmente). Cada pessoa já viveu, na vida, uma fascinação que fascina a ação, torna a ação até mais fácil, mesmo na privação, por si tão somente.
Existe uma fascinação que te leva a viver e, mesmo nas crises, a fazer superação por um sentido que esse fascínio traz consigo, ensinando-te que, apesar dos desmentidos, vale a pena por ele viver. Essa fascinação é preciso cultivar, por trazer elementos seguros, estáveis a serem cultivados. Tal fascinação há de ser mantida em qualquer situação, pois, em grande consolação ou em grande desolação, será ela o elemento norteador, apesar da dor, em razão de seu amor, a viver com sentido para o que te faz querer vencer.
O que fascina o olhar há de ter, na vida, adequação, sem o que se estará vivendo uma quimera, mais uma ilusão. O que fascina o olhar há de ter, na realidade, o seu respaldo, pois, assim não sendo, mesmo fascinado, tu te sentirás isolado, por não encontrar um modo de efetivar aquilo pelo que teu olhar esteja fascinado. Aquilo que fascina o teu olhar precisa encontrar, na realidade, uma efetivação. Para ser eficaz e preciso, há de ser efetivo e não somente afetivo. O que fascina o olhar precisa encontrar respaldo para poder continuar; do contrário, viverás apenas uma doce ilusão, uma longa ou breve fascinação, que a nenhum lugar te levará e, se a alguma coisa te levar, é a perceber que terá sido perda de tempo, exceto pela lição que tal ilusão te trará. Perdas e perdas, a perderem-se de vista, do que poderias ter construído, se não tivesses ficado preso a algo que gerou tanto tempo perdido e evitou tantos passos. O que fascina o olhar precisa ter na realidade adequação; do contrário, terás vivido mais uma breve, longa, amarga ou doce ilusão ou desilusão. Por isso, hás que ter bem cuidado com o que concerne à fascinação.
(Pe. Airton Freire)