“Se tu tiveres de te curvar, que seja para prestar auxílio, para ajudar o outro a se erguer. Que outra forma digna de ser para com o outro, senão essa, poderia existir? Curvar-se e levantar-se, dois verbos cujas conjugações exprimem lugares diferentes, assim como o fazem lavar os pés e lavar as mãos. Um se curva para lavar os pés a fim de ajudar; o outro, do alto, lava as mãos como a dizer: “Com tal coisa, não quero me incomodar”. Este segundo realiza com seu gesto um ato de omissão. Aquele, com seu gesto, realiza um ato pelo qual se pode ler: “Servir”. Lavar os pés ou lavar as mãos, curvar-se para ajudar ou ao alto erguer-se para não se importar. Diversas leituras é possível ter destes acontecimentos. A chave de interpretação passará pelo lugar e posicionamento. Demandas e interpelações podem resultar em atos pelos quais tu te sentirás integrado ou alheio, não reconhecendo-te naquilo em que tu fazes. Disso, poderão resultar ações desumanizadas e desumanizantes, que são as que não vêm de solidariedade acompanhadas ou as que fazem do outro um estranho, embora este seja, na realidade, um irmão. Está em ti tomar partido por esta ou aquela posição, assumir este ou aquele lugar. O certo é que, no incerto, não haverás de permanecer, porque, afinal de contas, é em teu proceder, em tua forma de ser, que claramente haverá de se fazer a leitura de qual seja teu lugar.” (Pe. Airton Freire)
“Isto é preciso ter claro: esvaziar-se de acúmulos é preciso, para que não pesem ao longo da caminhada. Do que não traz leveza hás que desvencilha-te. Aproveita o percurso, esse que ora fazes, para estabelecer e viver prioridades. Ao invés de ainda mais estocar, partilha. Mais alegria do que receber está em poder doar. Um sopro é o tempo de uma vida, semelhante à erva do campo que ora existe e logo passa, sem que marca alguma deixe,senão as marcas que, pelo bem, por ti ainda se fará.” (Pe. Airton Freire)
São quase cinco horas da manhã desta terça feira.
Agora, Fátima, Portugal.
Bom dia.
Pe. Airton Freire