“Tão importante quanto caminhar é saber primeiramente aonde se quer ir. Tão importante quanto conseguir é saber conservar, mas viver pelo que não faz sentido é correr grande risco de, no meio da caminhada, cansar-se e procurar outras compensações como forma de levar adiante o que carece de sentido. Quem segue veredas evita o Caminho. Entre o Caminho e as veredas, terás que optar. Um pode ser mais difícil até de se trilhar; o outro pode até encurtar distâncias, mas há um preço a se pagar, como a perda da liberdade, sem o que comprometida estará tua própria identidade. Esvaziamento, por esta via, é matriz de evitáveis sofrimentos. Antes de decidir, é preciso discernir, pois os que apenas seguem e querem um objetivo, a qualquer custo, alcançar, acabam fazendo concessões pelas quais um preço grande, como o da própria liberdade, haverão de pagar. Sobre isso, convém pensar.” (Pe. Airton Freire)
“O Evangelho deste domingo nos convida mais uma vez a nos colocar face a face com Jesus. Um dos raros momentos tranquilos, em que se encontra sozinho com os seus discípulos, Ele lhes pergunta: ‘Que sou eu, no dizer das multidões?’ E eles respondem: ‘João Batista; outros dizem Elias; outros, porém, um dos antigos profetas que ressuscitou’.”
“As pessoas estimavam Jesus e o consideravam um grande profeta, mas ainda não estavam conscientes de sua identidade verdadeira, ou seja, que Ele fosse o Messias, o Filho de Deus enviado pelo Pai para a salvação de todos”, disse o Pontífice.
Jesus, então, fala diretamente aos Apóstolos, porque é isso que lhe interessa mais, e pergunta: ‘E vocês, quem dizem que eu sou?’ Imediatamente, em nome de todos, Pedro respondeu: ‘O Cristo de Deus’, ou seja, o Messias, o Consagrado de Deus, enviado por Ele para salvar o seu povo, segundo a Aliança e a promessa.”
“Jesus percebe que os Doze, em particular Pedro, receberam do Pai o dom da fé; e por isso começa a falar com eles abertamente, assim diz o Evangelho, abertamente sobre o que acontecerá em Jerusalém: ‘O Filho do Homem, disse, deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e escribas, ser morto e ressuscitar no terceiro dia’”.
“Aquelas perguntas são repropostas hoje a cada um de nós”, disse o Papa.
“Quem é Jesus para as pessoas do nosso tempo? Mas a outra é mais importante: Quem é Jesus para cada um de nós? Somos chamados a fazer da resposta de Pedro a nossa resposta, professando com alegria que Jesus é o Filho de Deus, a Palavra eterna do Pai que se fez homem para redimir a humanidade, derramando sobre ela a misericórdia divina em abundância. O mundo precisa muito de Cristo, de sua salvação, de seu amor misericordioso. Muitas pessoas sentem um vazio em torno de si e dentro de si; talvez, algumas vezes, nós também; outras vivem inquietas e na insegurança por causa da precariedade e dos conflitos. Todos precisamos de respostas adequadas às nossas profundas perguntas concretas.”
“Em Cristo, somente Nele, é possível encontrar a paz verdadeira e o cumprimento de toda aspiração humana. Jesus conhece muito bem o coração do ser humano. Por isso, Ele pode curá-lo, doar-lhe vida e consolo”.
Depois de concluir o diálogo com os Apóstolos, Jesus se dirige a todos dizendo: ‘Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me’.
“Não se trata de uma cruz ornamental, ou uma cruz ideológica, mas é a cruz da vida, é a cruz do próprio dever, a cruz do sacrificar-se pelos outros com amor, pelos pais, pelos filhos, pela família, pelos amigos, e também pelos inimigos, a cruz da disponibilidade de ser solidários com os pobres, de se comprometer com a justiça e a paz. Ao assumir estes comportamentos, estas cruzes, sempre se perde alguma coisa. Nunca devemos nos esquecer que ‘quem perderá a sua vida por Cristo, a salvará’. É um perder, para ganhar.”
“Jesus, mediante o seu Santo Espírito, nos dá a força para ir adiante no caminho da fé e do testemunho: realizar aquilo em que acreditamos; não dizer uma coisa e fazer outra. Neste caminho sempre está conosco e nos precede Nossa Senhora. Deixemos que ela pegue a nossa mão, quando atravessamos os momentos mais sombrios e difíceis”, concluiu o Papa.
(Papa Francisco)
“Tu vives o espaço compreendido entre o já e o ainda não, ou seja: tu vives, no exato momento, um estado tensional entre o antigo – que ainda traz consigo os restos do que ainda é -, e um novo tempo, que já antecipa os sinais de sua chegada. Tu vives, então, um estado de tensão entre o novo que bate à porta e o que ainda resta antes de o novo, em definitivo, chegar. Prepara-te, pois, para que o novo não tarde; vê que em ti arde, intensamente, o coração, pela certeza de que está às portas o que virá como breve acontecimento. Pela esperança, nós somos alimentados, e é a certeza do encontro que nos motiva e nos dá o encanto do achado. A chegada do novo que virá e a sua permanência, em grande parte, de ti dependerão; o que chega já dá sinais de que lá começou a chegar. É preciso que haja o ponto de entrecruzamento entre aquilo que tu desejas e o que está vindo ao teu encontro naturalmente. O que está em vias de acontecer, que traga consigo, também, a graça de permanecer. Pensa, exatamente, sobre o momento que em ti esteja se encaminhando, alinhando-se para ocorrer pela virtude do que é permanente.” (Pe. Airton Freire)