“Tu tens dentro de ti certas moradas, espaços interiores, que, se bem cuidados, poderão te levar a profícuos resultados. Todavia, estando desencontrados, tu te perceberás sem rumo, fazendo e desfazendo, dizendo ou desdizendo o que, em situações normais, não te permitirias jamais. O teu espaço interior precisa, a todo custo e valor, ser mantido, preservado; ele é semelhante a um rio que está ligado à fonte: se perder esse contato, não tem mais de que se alimentar. É como aquele que traz consigo um certo encanto e, perdendo também o contato com o que o encanta, não sente mais por que continuar. O teu espaço interior pode ser motivo de satisfação, alegria, sofrimento, dor. Por isso, chegado ao ponto em que tu estás, olhando os meses transcorridos, tudo o que ficou para traz, tu poderias te perguntar: afinal de contas, onde reside atualmente meu maior encanto? O que responde por certos desencontros ou desencantos? O que poderia ter sido melhor aproveitado? De que meu coração se sente todo saciado? O que ainda eu busco e não tenho encontrado? Afinal de contas, a tua morada interior, se for bem preservada, poderá também ser espaço onde tu encontrarás o sentido para persistir, mesmo nas quedas ao longo da jornada. Por isso, reserva esse espaço de tua sacralidade para um tempo de exclusividade com o teu Senhor. Se, em razão dos afazeres da tua vida, isso for descuidado, tu te perceberás sedento, sem que nada a tua sede possa aplacar e, como que distraído ou de ti mesmo esquecido, não encontrarás espaço nem mesmo onde acreditavas ser teu lugar. Deserto de pura aridez, começarás então a atravessar. Conserva o teu espaço interior, a tua morada, que por nada nem por ninguém seja ela violada; mas, com toda tua defesa, seja ela preservada.” (Pe. Airton Freire)
“Se desassossegada estiver a tua alma e em pânico ou em medo estiver o teu coração, vai ao recôndito de tuas moradas, consulta o esposo de tua alma, pois somente ele trará paz ao teu coração. E, para que não vivas o espaço da ilusão, lê os acontecimentos, esses que te ocorrem neste momento, e busca, a partir deles, encontrar uma solução. A direção para ti, contudo, precisa estar clara, pois, se claro não tiveres aonde queres chegar, inquieto o teu coração ainda permanecerá, mesmo que o teu desejo seja contínuo de ainda querer acertar. Se tua alma se sentir desassossegada, força hás de obter pela presença de quem tudo poderá prover, esse que reside em tuas moradas. Convida essa presença tão cara e verdadeira para ocupar o lugar central da tua vida e não tomes decisão que seja verdadeira sem antes consultá-la. Dá-lhe em tudo a primazia, o primeiro lugar, e, com certeza, um novo tempo, a partir daí, haverá de se inaugurar.” (Pe. Airton Freire)
“Quer alegre ou triste, em paz, contudo, hás que te manter. Mais que existir, é viver. Liberdade interior é fruto da paz, a que se faz necessária porque propicia unidade e integra. Em qualquer situação, assim hás que te manter. Da verdade não querer saber é princípio básico para começar a se perder. Mesmo para o que de imediato não se consegue compreender, aberto e claro, o entendimento há que se manter. Em tudo, reside uma razão de ser. Embora fruto de dissabor, pode-se fazer a dor se abrir ao amor. Em ares de grande alegria, podem transitar os que vivem à revelia. A razão de ser das razões nem sempre tem razão de ser. Mesmo em desertos, há de se guardar consigo esta lição: mesmo de tudo o que não se pode ter, uma lição se pode obter. Nada é em vão. Mesmo a grande desolação pela qual venhas a sofrer traz consigo uma lição da qual és carente de aprender. Vive, portanto, o sentido; pois sem sentido não faz sentido viver. A forma como encaras o (in)sucesso poderá te levar à superação ou fixação do que tiver te marcado.” (Pe. Airton Freire)