“Para não acontecer que venhas a amanhecer sem teres ainda anoitecido, para que o desejo de superação não resulte em frustrações reiteradas por conteúdos novamente não superados, para que não te fixes no culto ao passado, negando-te a olhar em foco para o que há em frente e ao teu lado, e para que, em razão disso tudo, não desistas do possível, malgrado o imprevisível, considera o exato momento que estás vivendo. Este tempo é o entrecruzamento de dois momentos: o que foi e o que está sendo; e de ambos depende o que está em vias de se dar. O espaço onde algo se passará, diferentemente, do que tem sido, ao menos em vista do possível, acontece, neste exato momento, a depender do posicionamento que, em face dos apelos da própria vida, hás de tomar. Se tu apenas deixares que as coisas venham a se desenrolar – o que significa deixar acontecer da forma como a outros, em suas circunstâncias ou interesses, bem aprouver – isso se constituirá numa matriz de insatisfações e ânsias, que bem algum a ti ou a outrem trará. Bem vale entender que mais importante do que saber é ter as condições de evitar acontecer o que desestabiliza. Não vindo assim a ser, razões até poderás encontrar para culpabilizar a ti ou a outros por aparentes fracassos e novamente dizer: se dependesse de mim ou eu não entendo por quê. Afinal de contas, não se trata de entender, pois, em algum ponto, tu sabes há muito como já deverias ter procedido ou como ainda tens de proceder. Todavia, insistes nos mesmos pontos e por que tanto? Por que cultuar a dor ou cultuar o pranto? Se poderia ter sido diferente, então toma a decisão de ao menos considerar as reais possibilidades de tornar o possível em algo real a ser efetivado. A palavra é superação. Supera-te, primeiramente, e administra-te conscientemente. Saberás, então, administrar e superar, nos limites de tua realidade, toda e qualquer situação que te vier pela frente.” (Pe. Airton)
“Tu falas daquilo que consegues ver, porque, falando do que consegues ver, ao falar de mim, estarás falando, também, de ti (pelo menos do lugar em que tu consegues e podes viver ou te permites ser!). Então, ao dizer de mim, tu dizes da posição, do espaço que entre ti e mim pode se estabelecer. Razão para isso há? Pode haver? Há de se ver, mesmo que enxergar não estejas querendo, tampouco disso saber. Considera que tudo o que disseres do outro, mesmo que te pareça surpreendente, é o resultado do ângulo do teu olhar para a posição daquele que, diante de ti, está, pois o teu olhar pode capturar, do outro, coisas que, de outro ângulo, tu poderias, diferentemente, enxergar. Por isso, aquele que fala deve estar também preparado para escutar, e se, na fala, houver um desejo de acertar, com certeza, a um porto seguro, ao invés de a um ponto obscuro, haverá de chegar. Nem tudo se passa do lado de lá, nem tudo se passa do lado de cá. A questão está em saber em que ponto destas duas margens tu estás.” (Pe. Airton)