“Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças”. (Fp 4, 6)
As inquietações que, ao longo dos teus dias, tens experimentado, têm duas vertentes: uma te torna inquieto nos tempos em que estás vivendo e, por causa disso, buscas superação; e a outra vertente, que é negativa, poderá não te permitir enxergar, claramente, o real sentido de valor do que estejas vivendo.
Existe uma inquietação que te conduz a superações, e outra que em ti provoca ansiedade. Ambas acontecem pela vertente da falta. Hás que admitir, já por experiência, então, que nem tudo pode acontecer segundo a tua vontade.
As inquietações de tua alma podem ser um convite para que aprimores a tua fé, a tua esperança e a própria caridade. As inquietações da alma, se não forem bem administradas, poderão te impedir de dar novos passos. Considera que longa ainda é a caminhada. Fazendo a experiência do limite, percebendo que algo está em ti ainda por se fazer, é que serás instado a dar passos à frente ao invés de retroceder. Lembra: o limite remete à falta, ao carencial, ao que demanda por superação, com possibilidades de que avanços e recuos possam acontecer.
Existe uma inquietação que é pertinente à tua humana condição e que remete ao desconhecido dos novos acontecimentos. Para que faças frente a tais momentos, hás que te exercitar em administrar-te, primeira e internamente, sob pena de que, assim não procedendo, haja quebra de continuidade do que de melhor estejas tu fazendo. Se houver perda de controle interno, primeiramente, como poderás manter a autonomia de ti mesmo e daquele momento?
Existe inquietação que gera uma tensão que pode conduzir tanto à necessidade de superação como a bloqueios, de modo a não mais se encontrar saída para o que, como interdito, tenha-se até então vivido.
Inquietações, se bem trabalhadas, poderão aprimorar-te e fazer-te enxergar mais claramente ao longo de uma caminhada. Do contrário, poderão te levar a bloqueios, perdas e desacertos graves ou leves, distorcendo o planejado e deixando, além das marcas, quiçá, também aprendizados para novas situações.
Pensa sobre as razões de tuas atuais inquietações. Pensa em como estás administrando os teus momentos e não esqueças: tu és a melhor parte de tudo o que tens vivido neste tempo.
(Pe. Airton Freire)
“Sentido há em viver com liberdade, espaço que, para ser mantido, a todo custo, há de ser conquistado. Quer alegre ou triste, em paz, contudo, hás que te manter. Mais que existir, é viver. Liberdade interior é fruto da paz, a que se faz necessária porque propicia unidade e integra. Em qualquer situação, assim hás que te manter. Da verdade não querer saber é princípio básico para começar a se perder. Mesmo para o que de imediato não se consegue compreender, aberto e claro, o entendimento há que se manter. Em tudo, reside uma razão de ser. Embora fruto de dissabor, pode-se fazer a dor se abrir ao amor. Em ares de grande alegria, podem transitar os que vivem à revelia. A razão de ser das razões nem sempre tem razão de ser. Mesmo em desertos, há de se guardar consigo esta lição: mesmo de tudo o que não se pode ter, uma lição se pode obter. Nada é em vão. Mesmo a grande desolação pela qual venhas a sofrer traz consigo uma lição da qual és carente de aprender. Vive, portanto, o sentido; pois sem sentido não faz sentido viver. A forma como encaras o (in)sucesso poderá te levar à superação ou fixação do que tiver te marcado.” (Pe. Airton)