“Há pessoas que, para agradar, agridem-se, e há pessoas que agridem querendo agradar. Há pessoas que buscam estar sozinhas, mesmo se vendo em meio a muitos, e há pessoas que, mesmo sozinhas, como se estivessem sós, não conseguem se enxergar. Na verdade, sozinho ninguém nunca está; mesmo quando alguém fala sozinho, por exemplo, um outro, imaginariamente ao menos, presente aí se encontra. Ninguém nunca fala sozinho; há sempre um outro que dá suporte à palavra aonde ela for dirigida, aonde ela for remetida, e, por isso, mesmo que alguém possa se perceber ausente de tudo ou de todos, sempre haverá algo que consigo trará. Quando tu dizes ‘eu’, na verdade, esse eu é a junção de elementos que foram se formando em ti a partir de outros através dos tempos. O nome que tu trazes não foi escolhido por ti; a formação que tu tens não foi escolhida por ti; o lugar que tu ocupas na constelação familiar não foi escolhido por ti. O que pode existir, a partir de ti, é uma reação para querer ratificar ou retificar um dado de realidade que te é apresentado, desde o teu nascimento até então, de modo que, quando tu vens a querer ou desejar, existem elementos que querem e desejam em ti, e, a partir de ti, as escolhas que tu fazes acontecem. Tu não ages, contudo, tão somente, a partir de ti. A decisão é tua, mas outros elementos, vindos de fora de ti, também estão presentes em ti no ato de decidir. A tua forma de querer, tua maneira de pensar, teu jeito de proceder, naturalmente, contigo têm a ver, e a responsabilidade disso a ti caberá.” (Pe. Airton Freire)
“Há certas coisas de que tu não podes abrir mão. Há outras em relação às quais é preciso ter claro o sentimento de que valem a pena, devido ao resultado e ao sofrimento que, em decorrência delas, virão. Viver a vida é enfrentar perigo, é saber de si, é saber dos riscos, é não fazer dos próprios atos os mais claros desmentidos.”
Pe. Airton Freire