“O processo de aproximação de Deus é um ato que requer vontade, disponibilidade e coragem; vontade para o seguimento, disponibilidade para fazer a Sua vontade e coragem do enfrentamento. Se tu desejas ser santo ‘como teu Pai celeste é santo’ (cf. Mt 5, 48), embora vivendo a tua humana condição, tu precisas ter um sinal indelével em tua vida – a misericórdia em primeiro lugar – e fazer-te, igualmente, de todos irmão e irmã, como convém aos eleitos de Deus, como convém aos preferidos de Seu coração. O que não podes fazer é lançar mão ao arado e olhar para trás, porque nem todo ruído procede de Deus; nem todo sinal te diz aonde deverás caminhar; pelo contrário, ele poderá te fará cair e realizar o que nem a ti nem a Deus apraz. Lembra-te do que, sem Ele, já foste capaz. Lembra-te desse tempo em que estás vivendo e não te esqueças de aprimorar-te na sabedoria que vem do alto e busca, a partir dela, fazer um discernimento. Alguém já disse que para morrer, basta viver; para cair, basta estar de pé, e se tu não quiseres tropeçar, vê, com clareza, onde estás a pisar e o próximo passo que estás querendo dar.” (Pe. Airton)
“Todo o caminho possui mão e contramão. Quanto a ti, convém que descubras a razão de tuas opções. Do contrário, tu próprio serás o vencedor pelo viés negativo da palavra, ou seja, poderás provocar o vir a ser vencido. Não te ocorra vires a ser o autor daquilo que te leve a ser preterido. É preciso que descubras, no riso e na dor, onde foste ator ou autor. Pergunta-te se as coisas pelas quais tu te alegras ou aquelas pelas quais tu sofres resultaram de opções tomadas ou de oportunidades largadas, deixadas? Deixaste passar ocasiões, oportunidade em que poderias ter dado um passo e nisso sair vitorioso ou, pelo contrário, te omitiste e foste vencido? Fizeste opções por coisas que não te conduziram a poder dizer hoje: sinto-me bem mais agradecido? Que face contemplas, luz de que face repousa sobre ti? Sobre o que repousa aquilo que tu fazes? Em face de que fundamenta a tua existência por inteiro? A persistir assim, a orientação de tua vida te conduzirá a quê?” (Pe. Airton)
“Tudo isso não é mais do que sombra do que há de vir. A realidade é Cristo”. (Cl 2, 17)
Existe uma realidade, essa que, frequentemente, experimentamos: embora permaneçamos os mesmos, nós mudamos com o passar dos anos. Experimentamos em nós, de constante, um estado de inacabamento que tanto pode gerar alegria quanto sofrimento. A forma como se for administrando os momentos, a partir do que se estiver vivendo, vai dando curso ao seguimento dos dias. Todavia, o sentido ou sem sentido de tudo o que se estiver vivendo transbordará como consequência do presente. Se algo houver a ser resolvido no atual momento, há de se considerar que, para além desse imediato e emergente, elementos outros irradiarão, revelando-se carentes de profundos fundamentos. As decisões mais caras ao coração e à mente, aquelas que terão caráter permanente, devem possuir alicerce e referenciais estáveis, sem o que perdas muitas experimentar-se-ão em breve tempo.
A realidade mais constante que nós experimentamos é que nós mudamos com o passar dos anos, embora os mesmos permaneçamos interiormente. Alguém já disse que, acerca de determinados acontecimentos, é preciso haver uma mudança interna, que precisa passar por um tempo que, se não for de saturação, haverá de ser de maturação, como ocorre com o grão. É fato experimentado que, após determinado tempo, passa-se por várias estações, algumas até repetidas, como aquelas que experimentamos por anos seguidamente. Tu precisas saber que nenhuma estação dura para sempre, que cada uma tem sua dor e seu encanto, sua lição, sua duração – seja outono, inverno, primavera ou verão. Hás que administrar os acontecimentos internos ou externos, assim como experimentas e vives cada estação do ano, intensamente, sabendo, volto a dizer, que nada dura para sempre.
Há um sentido que pervade todos os acontecimentos, e, quer queiras ou não, o mundo continuará a ser como é – com mudanças, naturalmente. Não depende de ti que o mundo seja, enquanto mundo, diferente. Naquilo que for concernente ao espaço do que tens a administrar, convém que tudo faças da melhor maneira, do contrário, passarás a deter-te no sem sentido, sem nisso nada de verdadeiro, de autêntico, ter a encontrar.
Pe. Airton