1ª Leitura – 1Pd 4,7-13; Salmo – Sl 95 (96),10. 11-12. 13 (R. 13b); Evangelho – Mc 11,11-26

“Há certas coisas em tua vida que estão prestes a se realizar, mas que ainda não tens conseguido em razão do espaço que não tens dado para que o objeto desejado possa aí vir e ficar.

Tu precisas esvaziar-te de certas realidades que contigo não podem mais combinar. Do contrário, do contrário, o que estás para receber passará ao largo, e não encontrará em ti nada que faça tais coisas se manterem. Por isso, antes de pedir, examina-te, primeiramente, às condições que tens aí. Antes de receber o convidado, prepara a casa para que ele encontre um espaço seguro, sereno, onde possa arranjar-se, arranchar-se, estabelecer-se de verdade. 

Se existe em ti falta de perdão; se existe em ti uma amargura, presunção; se existe em ti um traço de arrogância, de auto suficiência; se existe em ti um dedo em riste a apontar, mais do que para ajudar, naturalmente já podes ter disso ciência. Se não te esvaziares destas realidades, não haverá espaço para que a graça que te procura, que te antecipa já pelas madrugadas, faça o encanto de um encontro de verdade. 

Desejando te encontrar, mas não achando onde se estabelecer, a graça procurará outros espaços que possam, dignamente, vir a recebê-la. Assim tem sido, assim tem acontecido. Só tu não percebes ou não queres compreender essa realidade há muito tempo que tem chegado aos teus ouvidos.

Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo.”

(Pe. Airton)

“Eu não posso perder este presente, o presente de estar aqui contigo neste momento. Tua presença é o maior presente que podes me dar, e o meu presente a ti oferecido é a maior oferta que pode te alegrar. Eu quero confiar em ti sem descuidar de mim. Eu quero ainda mais confiar em ti, fazendo tudo como se tudo dependesse só de mim e confiar em ti tão cegamente, como se tudo dependesse tão somente de ti. Na confiança mantida, na reciprocidade acontecida, o amor entre nós acontecerá, o teu Espírito tu me enviarás, e a alegria do encontro propiciarás. Não me sentirei perdido e entenderei, contigo, do que o amor teu em mim é capaz. Por isso, atraíste-me até aqui. Não vim para fazer o que me apraz, mas para descobrir que sou contigo capaz. O que eu quero tão somente é te servir.” (Pe. Airton)

“Os que defendem fendem,  ao fazê-lo, o fato (o acontecido) do dito.  Pois toda a verdade não cabe em nenhum dizer.  Arde, ainda mais por ser.  Quer ser.  Vê?  Há uma dissensão entre o ser (do latim esse)  e a ação.  O que con(fere) sentido à pa(lavra)  lavra o campo onde for ben(dita), mal(dita), des(dita), re(e)ditada.  Todo aquele que diz algo se coloca em determinada posição  em relação ao enunciado.  Ninguém é neutro.  Não há fato isolado.  Tudo há de ser analisado ao menos pelos dois lados.  A pa(lavra) que se de(fende)  fende enquanto lavra;  lavra enquanto fende.  Diante de que, de quem, como, quando e por que se colocar?  Viver não é, como na palavra, um ato de se posicionar?  Posicion(a)da mente.  Mas a mente mente.  O que dizer?  O que diz ser, não sendo?  A verdade de fazer está no ser.  Muito fazem os que nada falam, mas muito dizem, sendo.  Viver é ser inter(pelado) a cada momento.  Até que a verdade nua dos atos  apareça finalmente.” (Pe. Airton)