“No mais interno da gente, existe em nós o que responde por descontinuidades, independente do querer da gente. Há em nós uma impossibilidade de levar a bom termo, cem por cento, tudo o que planejamos. Percebe-se que aquém sempre estamos do melhor que tenha sido aquilo pelo qual optamos, em qualquer situação, em qualquer momento. Convivem em nós satisfações e contentamento ou, dito de outra maneira, um descontentamento acompanha-nos, mesmo quando estamos contentes. Existe em nós uma possibilidade de queda e, quando já decaídos, também de soerguimentos. Existe em nós algo que nós mesmos nem entendemos. Nesse estado inacabamento, que se revela nesse intervalo entre o sim e o não, entre sentimento e razão, acontece, por vezes, sermos instados, consciente ou inconscientemente, a que outros elementos surjam e perdure por certo tempo. Vindo isso a acontecer, aumentam as chances de que surjam, à margem do planejado, situações insuspeitadas. À vista, perdas a perderem-se de vista, de imprevisíveis resultados” (Padre Airton).
“In spite of our will, something within us may cause breaches. We find it impossible to carry out, one hundred per cent successfully, everything we planned. At any given time, in any situation, we notice that we stand far away from the ideal we sought to begin with. Satisfaction and unhappiness go together, side by side within us, or, in other words, an inch of unhappiness will always smother our joyfulness. We carry the possibility of a fall, and once having fallen, that of raising up again. Something within us escapes our comprehension. In this state of non-fulfillment which appears in the interval between a yes and a no, between feelings and reason, we are sometimes incited, whether consciously or not, to allow for the appearance of other elements due to remain for some time. When this happens, chances are that unexpected situations may turn up, beyond what you had planned. This may lead to great losses and unpredictable results” (Father Airton).
“O amor, que é tanto servo quanto amigo, tanto é sábio quanto humilde, seja, em tudo, a condição para que não venhas a sofrer o sem sentido de viver só por viver. O que torna a alma vazia, fazendo-a estarrecer, vem pelas asas da solidão acompanhada, a mais sentida e pouco nomeada, cujos atributos formalizam o contexto do desamor: frieza, mesmo quando no calor; esvaziamento (tristeza), mesmo quando em meio a risadas; e indiferença, malgrado apelos por compaixão reiterados.”
Pe. Airton Freire