A Pa(lavra) de Julho de 2017: “Esta é a lei dos animais, das aves e de toda criatura vivente que se move nas águas, e de toda criatura que se arrasta sobre a terra. Para fazer diferença entre o imundo e o limpo; e entre animais que se podem comer e os animais que não se podem comer” (Lv 11,46-47)
“Há coisas para as quais não vale a pena viver, e outras para as quais não vale a pena morrer. É preciso discernir, bem antes de decidir. Certas decisões, uma vez tomadas, serão, depois, difíceis de retificar. Nem sempre as veredas encurtam a caminhada. Pelas concessões a que as veredas poderão te levar, tu poderás te perder, e, diferente do almejado no início, será o resultado na chegada. Ao longo de uma caminhada, nem sempre é possível, de imediato, descobrir o sentido de certas proximidades, pelas quais as concessões têm passagem. Existem proximidades que comprometem, e existem distâncias que fortalecem. Existem coisas que teimam em retornar, sobretudo aquelas que ainda não foram resolvidas e que, por isso, não encontraram o seu lugar. É preciso, então, observar a que conteúdo remetem certas ânsias pelas quais se tem passado. O que ainda não tiver sido elaborado, malgrado com isto se tenha de constante lidado, pode comprometer projetos, os mais sonhados e planejados. Coisas não elaboradas equivalem a coisas não admitidas, pois, ao se admitir, inicia-se a elaboração, e o que elabora uma ação passa pela consciência de saber que é preciso dar passos, a fim de que, como se era antes, não se permaneça. Do contrário, entraves, a partir daí, poderão surgir, e novos passos não irão acontecer. Volto, pois, a insistir: é preciso avaliar antes de decidir. Tão importante quanto caminhar é saber primeiramente aonde se quer ir. Tão importante quanto conseguir é saber conservar, mas viver pelo que não faz sentido é correr grande risco de, no meio da caminhada, cansar-se e procurar outras compensações como forma de levar adiante o que carece de sentido. Quem segue veredas evita o Caminho. Entre o Caminho e as veredas, terás que optar. Um pode ser mais difícil até de se trilhar; o outro pode até encurtar distâncias, mas há um preço a se pagar, como a perda da liberdade, sem o que comprometida estará tua própria identidade. Esvaziamento, por esta via, é matriz de evitáveis sofrimentos. Antes de decidir, é preciso discernir, pois os que apenas seguem e querem um objetivo, a qualquer custo, alcançar, acabam fazendo concessões pelas quais um preço grande, como o da própria liberdade, haverão de pagar. Sobre isso, convém pensar.” (Padre Airton)