“Alguém pode falar e não dizer nada. Todavia, para se dizer, não é preciso dizer muito também. Quando se diz, nem se precisa falar, às vezes, também. O olhar diz. Nele, não há fala, mas há um dizer. Há um dizer que é dito, que passa pela fala, e há uma fala que não passa pelo dito também. Há uma fala que é vazia: ela não diz nada. Ela serve até para enganar, para não dizer, para se ouvir e não se escutar. Há falas que existem até para não dizer, para enganar, para esconder. Falas assim há. Então, a fala não revela sempre; a fala pode esconder também. Quando alguém mente, usa da fala, mesmo para esconder, buscando a credibilidade de alguém. Então a pergunta é essa: quando tu falas, quando tu convives com as pessoas, quando tu lidas com elas, o que tu dizes? O que se diz a partir de ti? O que se diz em ti? E, por vezes, isso nem percebes.
São os sinais que os outros conseguem ler em ti, e que tu, do lado de cá, não consegues ler. São sinais que estão te falando de coisas. E, agora, o que vais fazer? Pode-se perceber, por esta via, a verdade do que és. Pois Aquele a quem serves revela-se na tua modalidade de ser. Esta é a verdade do que és. Diante do Senhor, precisas apresentá-la e transformá-la, onde ela não for condizente com a proposta de vida plena para ti. Ele vive. Seu desejo é que não te percas, que não rastejes e que, conhecendo a Verdade, vivas, em definitivo, a liberdade dos filhos de Deus.” (Pe. Airton)
“Coisas podem até se acomodar; com coisas, pode-se até negociar. Um jeito até pode-se dar para se conviver; todavia, coisas não transformam. Pode-se até, a pessoas, imporem-se normas; todavia, a vontade e a verdade a isto não se conformam. Repito, só o amor transforma. Só o amor faz viver, constitui e restitui unidade, restabelece laços de fraternidade; só ele é capaz de enternecer. O amor, só o amor, pode chegar aonde jamais chegou qualquer ser. Disse, certa vez, alguém: eu te amo, mesmo quando estás sujo, porque se tu estivesses sempre limpo, todos te amariam. A grandeza deste gesto é preciso conquistar, é preciso alcançar. Saída para se viver com equilíbrio e se doar, só no amor há. Só no amor há resgate do que, um dia, julgou-se perdido estar. Não venhas tu a sofrer em teu jeito de ser, em tua maneira de proceder, por limites de outro ser em teu querer, quando o amor ali não puder acontecer. Além dos teus limites, não te limites por limites dados, naquilo que sufoca o amor ilimitado. Por nada, venhas tu a te tornar exclusivo, exclusivamente dado.” (Pe. Airton Freire)
“Nem sempre, aquilo que pensaste ou disseste terá o resultado esperado, pois dependerá do eco, do que isso vai acordar do outro lado. Em acordos e desacordos, sonhando ou acordado, tu precisas administrar as tensões, aquelas que tu trazes dentro de ti e outras ainda que ficam longe ou ao teu lado. Se tu não levares em conta estes pontos, poderás viver o doce encanto – e, mais tarde, um consequente desencanto – de que as melhores intenções são as que têm mais chances de melhores resultados. Melhor seria se assim fosse, mas, como assim nem sempre acontece, é preciso que te disponhas a deixar em aberto a possibilidade de acontecer o contrário. Com isto saber lidar e com isto não se desesperar nem se decepcionar, é traço de alma madura.” (Pe. Airton)