“Foi somente a partir do acontecimento Jesus de Nazaré, a quem desde os primeiros seguidores viram o Cristo, o Ungido do Senhor, é que luz mais clara foi lançada sobre a pergunta ‘por que nós sofremos?’. Considerando o que fora a vida de Jesus de Nazaré, passaram a ver que, nEle, cumpria-se uma promessa, e um sentido para se viver nEle encontrava-se definitivamente. Mas, há quem se pergunte: Por que Jesus sofreu? Teria sido porque Ele precisaria passar pelo sofrimento da cruz, a fim de que o Pai perdoasse a Humanidade? Culpa e reparação passam por sofrimento e sangue? Alguém entende isto como ato planejado por Deus com a finalidade de ‘salvar o Homem’?. Incrivelmente, há pessoas que, citando textos bíblicos de Isaías, dos Evangelhos e das Cartas Paulinas, sustentam esse argumento. Teria Deus que punir o pecado no Filho? Por meio da morte de Jesus é que outros poderiam acertar as contas com Deus? O sofrimento do Filho expia a culpa dos outros? É disso que se trata? Com a morte de Cristo ficamos livres do castigo que pesava sobre nós? Alguém conhece um pai que, para salvar a quem ama, assassina um filho? Foi assim que aconteceu? Que acha dessa compreensão? O grave disso tudo é usar os textos bíblicos como argumento para essa maneira de pensar. É preciso não falsear os textos bíblicos segundo nossos conceitos, mas deixar purificar e aprofundar nossos conceitos pela Palavra. Podemos, de antemão, adiantar que a salvação que nos trouxe Jesus não foi porque lhe deram morte de cruz (Fil 2,8), mas porque viveu para o Pai em absoluta fidelidade. Isto é, Cristo mereceu de Deus a salvação para todo o gênero humano, o que por nós próprios não conseguiríamos.”
(Pe. Airton)