“Existem, na vida, valores dos quais tu não podes abdicar. Existem, na vida, elementos dos quais tu precisas abrir mão para poder continuar. Se o vento for forte, caule e raiz, por serem essenciais, hás que preservar. São como os valores dos quais não podes abrir mão. Quanto à folhagem, deixa-a ir. Passada esta estação, uma nova folhagem virá. Se intactos estiverem caule e raiz, o resto, com o tempo, voltará. Existem coisas em relação às quais tu precisas manter a inflexibilidade, a firmeza, a certeza de que fizeste um discernimento e de que é clara a opção que escolheste e que manténs. Existem, contudo, coisas as quais tu não precisas levar a ferro e fogo, como um capricho, como se não houvesse nada depois disso a fazer. Pode ser que, permanecendo inflexível, em alguns pontos, tu possas vir a te quebrar, rachar, sem saber, ao certo, mais tarde, como tudo isto haverás de manter. Distingue o que é essencial do que for trivial, faze um discernimento acerca do que precisa ser mantido e daquilo que pode ir embora, porque, com o passar do tempo, em outra situação, tudo isto poderás de novo reaver. Em um ponto de apoio, tu precisas te manter: é o inegociável da questão. De outros pontos, com certeza, a depender do momento, haverás de abrir mão. O essencial é o que se opõe ao trivial, mesmo que este trivial tenha para ti muita importância. Guarda o que preciso for, mas procura despojar-te do que pode te tornar demasiadamente pesado, impossibilitando a tua saudável caminhada. Se os ventos te soprarem desfavoravelmente, mantém o que for essencial; o resto poderá se ir com o vento, porque voltará, no tempo devido, em maior abundância naturalmente.” (Pe. Airton)
“Como parte da fé, afirma-se a existência realidades ‘visível e invisível’ criadas por Deus. Aprofundando mais o sentido desta realidade na tradição da Igreja, percebi que faz parte do plano salvífico de Deus o que conhecemos, hoje, como ‘realidade espiritual’ que, em assim sendo, não ocupa espaço, não é regida pelos mesmos paradigmas do mundo nosso circundante, nem interage mediante leis e princípios concernentes à realidade humana. Esse mundo espiritual foi, igualmente, objeto de meditação de ensino dos primeiros cristãos, como atestam os padres da Igreja, que são aqueles da linhagem direta dos apóstolos até o início do século quinto. Este pequeno livro não é um estudo exaustivo de pesquisa acerca desse tema. Saber que não estamos sozinhos e que nossa luta não é contra as forças deste mundo, principalmente, fez com que surgisse esse interesse de escrever algo a respeito. Espero contribuir, um pouco, com o conhecimento cristão. Que Deus abençoe a nós todos.” (Pe. Airton)
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