“Existem esperas que conduzem a um encontro, e existem demoras que levam ao abandono. Os que se sentem abandonados têm a esperança por esquecida; há, contudo, que alimentá-la, recuperá-la plenamente em tempo devido. Aqueles que se sentem abandonados podem ter a esperança ao seu lado a lhes fazer viver, e os que, esquecidos dela, estiverem, sobreviverão. Contudo, não terão uma razão mais profunda de ser nem de viver.
Qualquer que seja a situação pela qual venhas tu a passar, qualquer que seja o oásis ou o deserto em que tu possas estar, acalenta a esperança. Não desanimes e jamais a ninguém ensines que não vale a pena a esperança ser cultivada, pois, se ela de ti se afastar, assim como com aqueles que são exilados, difícil, depois, será voltar. Poderá acontecer que a esperança, de ti desligada, deixe tua alma insaciada acerca de coisas que em seu lugar tu teimes em colocar. Por mais coisas que venhas tu ali a depositar, continuará ainda a brecha, o espaço de ausência, reclamando a esperança. Melhor é que te (res)guardes para o devido momento em que a esperança, alimentada, vença reais, possíveis ou imaginários sofrimentos dentro ou fora de ti.
Acalenta a esperança. Nada faças por desacreditá-la, pois, se isso vier a acontecer, tua alma não suportará a solidão, essa travessia em deserto, e, em breve, mesmo acreditando-se viva, há de morrer. Alimenta a esperança, a que, posta em Deus, não te decepcionará, pois Ele é o primeiro interessado a levar a bom termo a obra que, um dia, em ti, Ele quis iniciar.” (Pe. Airton)