Há um sopro de vida presente em mim que, de onde partiu, para lá voltará, sem que eu, para isso nada tenho feito, nada tenha a fazer.
Percebo-me percebendo-o em mim assim.
Dou-me conta de que a mais radical consciência que tenho de mim é animada por este princípio vital.
A percepção que tenho do mundo, dos elementos que compõem a natureza circundante é atravessada por este sopro de vida.
Sinto-me, então, em uma tal comunhão com tudo o que se move, tem vida e que respira, que uma falha sequer afetaria todo o sistema.
E assim é de tal forma, que também por lá.
A natureza, toda ela, em uníssono, respira e “geme” (cf. Rm 8,22) também em busca de revelar tudo aquilo que, nela, ainda está por vir.
Sinto-me, em relação a este sopro de vida que trago comigo, como se premido estivesse por duas tensões: trago uma preciosidade que não me pertence, mas em cujo destino eu próprio estou comprometido e pelo qual sou responsável.
“Preciosidade em vaso de argila” (cf. II. Cor 4,7).
Esta é minha primeira tensão.
A segunda: uma única vez, esta vez, e nunca mais, trarei comigo, por um par de anos, este princípio vital e, depois partirei.
Pe. Airton Freire
(Texto do Livro “Preces ao Pai”)
“Prós e contras, na tua vida, sempre haverás de ter. Esses elementos poderão ser referenciais a partir dos quais tu balizarás a tua prática, atuação. Não devem eles, contudo, adquirir o caráter de algo absoluto.”
Pe. Airton Freire
(Texto do Livro “Quando Vale a Pena”)