“A inimizade (ira) que entrou no mundo e, com ela, a morte, foi anulada pelo amor incomensurável de Deus, através de seu Filho, cuja vida sangue, obteve para nós a graça da filiação divina, pela fé em seu nome. A relação Deus-Homem que havia sido quebrada pela desobediência à sua vontade (o que resultou em morte, separação, inimizade, ira) foi restabelecida pela fidelidade (obediência) de Cristo Jesus ao Pai. Nele, foi-nos comunicada a graça da filiação divina (‘somos filhos no Filho’), pondo fim ao muro da separação entre Deus e a humanidade. Ele ‘acolheu a oposição da humanidade e transformou-a de tal modo que, agora, na obediência de Cristo, estamos presentes todos nós; somos arrastados para dentro da condição de filhos’. Então, onde está a função vicária da morte de Cristo? Na força purificadora do amor de Deus revelado em Cristo Jesus. Esta força, que é vida (sangue), não é maldição, mas salvação. ‘Na comunhão de Cristo com Deus está a verdadeira salvação do homem’. Este amor, tamanho amor, nunca dantes e de tal forma assim revelado, reverteu toda uma realidade de morte em vida. A própria cruz, lugar de castigo contra criminosos, tornou-se o sinal da glorificação de Deus e meio pelo qual o Filho ‘atrairia muitos a si’. Este momento ultrapassou o real acontecido e chegou a toda a humanidade. Na cruz, a morte é transformada em vida, por Cristo, em benefício de muitos (Is 53,12). A ‘Nova Aliança’ faz-se, então, em seu sangue (Mc 12,24). Sua obediência, até à morte de cruz (Fil 2,8) torna-se vida para todos.” (Pe. Airton)
Evangelho: Marcos 9,2-10
“O que desfigura e o que transfigura podem estar na mesma linha de um acontecimento. Existem coisas que, se levadas a sérias, elas transfigurarão a quem realiza, e também por participação a esses elementos. Existem coisas que em tua vida poderão ser desfiguradas, sobretudo aquelas que em Deus não tem tido participação adequada. Algo pode iniciar bom, em sua própria natureza bom, mas o uso que disso se fizer pode ter diversos destinos, e a isto é preciso prestar atenção ao que se disser e ao que se fizer.
Algumas coisas em ti começaram já a se desfigurar, a elas não tens estado atento nesse tempo que é propício, e elas começam a se deteriorar. E há outras coisas que em ti passam por uma mudança. Algo em ti passa por um processo de aquietação, de arejamento, um processo de transfiguração, de sentir-se pleno, sem mais ligado às amarras do passado; com o olhar mais natural para o que resulta em vida, para o que te faz viver com mais alegria e não mais tolhido, acuado, como se vive à revelia, como aqueles que seu espaço ainda não acharam. Esses estão se transfigurando, usando dos bens deste mundo tanto quanto eles ajudam, para que os teus próprios limites estejas superando, e afastando-te daqueles que contigo não pode mais combinar, que levam-te a deteriorar, a desfigurar, coisas que contigo não podem mais combinar.
Em ti está, portanto, decidir o que te leva a desfiguração ou a transfiguração. E se pedires ao Senhor, verdadeiramente, que te faça enxergar uma nova modalidade de entender os acontecimentos; se tu pedires ao Senhor que coloque à tua frente o Seu mensageiro que te possa de maneira suave, sincera, verdadeira, te levar a compreender coisas que até não conseguias ver, com certeza esta graça Ele te concederá.
O que não podes é ficar na repetição de um passado, como se o teu futuro fosse apenas um presente já borrado. Tu não podes caminhar em círculo como aqueles que não vivem, apenas sobrevivem, caminham em círculo e, ao mesmo tempo, se percebem no mesmo lugar.
Muda, transfigura-te, ainda é tempo, e o novo, que já começou, em ti se estabelecerá.
Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo.”
(Pe. Airton)