“Tu vives o espaço compreendido entre o já e o ainda não, ou seja: tu vives, no exato momento, um estado tensional entre o antigo – que ainda traz consigo os restos do que ainda é -, e um novo tempo, que já antecipa os sinais de sua chegada. Tu vives, então, um estado de tensão entre o novo que bate à porta e o que ainda resta antes de o novo, em definitivo, chegar. Prepara-te, pois, para que o novo não tarde; vê que em ti arde, intensamente, o coração, pela certeza de que está às portas o que virá como breve acontecimento. Pela esperança, nós somos alimentados, e é a certeza do encontro que nos motiva e nos dá o encanto do achado. A chegada do novo que virá e a sua permanência, em grande parte, de ti dependerão; o que chega já dá sinais de que lá começou a chegar. É preciso que haja o ponto de entrecruzamento entre aquilo que tu desejas e o que está vindo ao teu encontro naturalmente. O que está em vias de acontecer, que traga consigo, também, a graça de permanecer. Pensa, exatamente, sobre o momento que em ti esteja se encaminhando, alinhando-se para ocorrer pela virtude do que é permanente.” (Pe. Airton Freire)
“Guarda: que tua alma não se faça jamais da esperança desacompanhada, porque o que de melhor a esperança traz consigo será suscitado em tua alma. Que tu possas com ela brincar, e que ela possa sentir-se em casa quando junto de ti estiver, como gostaria comumente de estar. Alimenta a esperança. É ela quem fustiga a dor, que põe fim a qualquer forma de ansiedade. A esperança promove a lealdade. Vivendo tu no tempo presente, não deixes de estar atento ao que acontece em ti e ao teu derredor, a fim de que aqui e agora possas tu viver e crescer. A esperança posta em Deus não pode em ti morrer. Precisas alimentá-la em qualquer momento, que seja dela teu mais doce e permanente sentimento, e nada faças para desmerecê-la, pois, se, um dia, ela em ti vier a arrefecer, levará consigo tua razão principal de viver. Viver sem esperança é vegetar; equivale a não ter como nem por que continuar. É fogo que consome, a nada serve, a ninguém acode. Viver sem esperança é, antecipadamente, morrer. E, por isso, volto a perguntar: esperança em quê? Esperança em quem? E por quê? Enquanto esperança houver, a vida se balizará por uma razão firme e clara de ser.” (Pe. Airton Freire)
“Distingue o que é essencial do que for trivial, faze um discernimento acerca do que precisa ser mantido e daquilo que pode ir embora, porque, com o passar do tempo, em outra situação, tudo isto poderás de novo reaver. Em um ponto de apoio, tu precisas te manter: é o inegociável da questão. De outros pontos, com certeza, a depender do momento, haverás de abrir mão. O essencial é o que se opõe ao trivial, mesmo que este trivial tenha para ti muita importância. Guarda o que preciso for, mas procura despojar-te do que pode te tornar demasiadamente pesado, impossibilitando a tua saudável caminhada. Se os ventos te soprarem desfavoravelmente, mantém o que for essencial; o resto poderá se ir com o vento, porque voltará, no tempo devido, em maior abundância naturalmente.” (Pe. Airton Freire)