“Às claras eu colocarei diante do Senhor todos os momentos vividos até aqui. Às claras, eu colocarei diante do Senhor, a razão principal que me faz existir. Colocarei diante daquele que me ama, tudo aquilo que meu coração agora reclama. Aquilo que não compreendo, aquilo que não entendo, aquilo que mesmo em relação a quem eu amo, me desentende, aquilo que está me alegando ou pelo qual estou sofrendo, às claras eu colocarei diante do Senhor. Eu pedirei aquele que me ama, que não permita, por um instante sequer, que minha alma experimente a vergonha de não amá-lo com o devido respeito que lhe é devido, que eu não honre o seu nome da forma quermesse. Eu pedirei ao Senhor a graça do que mais engrandece; que eu não chegue a fazer o que ensoberbece; que um profundo egoísmo, embora disfarçado, possa vir em mim algum dia habitar; pois sei que, assim, os laços que nos unem poderiam se quebrar. Às claras, eu colocarei ao Senhor, a minha razão de viver e crer, e lhe pedirei que purifique o que trago pelo nome do que chamo amor; que em seu nome não me seja causado nem eu venha a causar a ninguém dissabor, embora tenha que pontuar em certos momentos aquilo que com o amor não se combina, para que eu não viva à deriva, como os que não têm um projeto de vida, como se cumprisse uma sina. Que o fruto permaneça e que o amor seja condição. Às claras, eu colocarei diante do Senhor o que de mais fundo acontece em meu coração e lhe pedirei a graça do segmento, mesmo que para isto eu tenha de viver e de pagar, com um certo sofrimento, por coerentemente querer viver. Que o Senhor nunca se afaste de mim e esteja presente em todo o meu agir. Às claras, eu colocarei diante do Senhor o que se passa em mim, mais profundamente aqui, do lado esquerdo do peito, ali onde só tem entrada, o que estiver alinhado a este querer, que por vezes se faz desencontrados, que por vezes nem se compreende de si mesmo achado. Eu pedirei ao Senhor, às claras, de me revelar o que me faz estar aqui.” (Pe. Airton Freire)
“A tua espera é uma ação confiante? A tua espera é um descrédito em razão de que deixas ir para ver como poderá ser? O que esperas ainda? O que em ti resta como esperança ainda? Tu és senhor da tua história ou acreditas que tu cumpres uma sina? Se compres uma sina, quem em baixo assina? A responsabilidade cabe a quem? Devido a quê? Estamos vivendo um tempo no final de um percurso em que convém pensar se vives na alegria do encontro ou vives a suportar, a pelejar a todo custo, tanto faz aqui como em qualquer canto? Que susto será se, depois da espera, nada vier a se encontrar! Será? Se e somente se, tal poderá ocorrer, colocando-se a esperança no que não tem, por si mesmo, base de sustentação que possa te livrar do inesperado da decepção. Em Deus e tão somente em Deus, estarás a salvo do mundo da dispersão, embora não o possas sempre compreendê-lo, por ser ele, por inteiro, absolutamente próprio na forma de ser e inteiramente livre em sua expressão. Não sejas tu semelhante a um carro que caminha à contramão. Que ao longo de tua vida vivas a realidade do encontro, apesar de tantos desencantos e desencontros induzindo a erro, à ilusão.” (Pe. Airton)
“Sei que vives um estado tensional. É próprio de quem vive caminhar entre a graça e o pecado, por isto experimentarás avanços e recuos nesta tua busca, sempre tensional, entre o fazer e o ser. Todavia, há pessoas que não fazem por não querer, embora pudessem fazer. Fazem questão de não fazer. Às vezes, negam-se no que fazem. Às vezes, dão, mas não se doam. Fazem questão de não se doar, questão de não se dar. Uns dão, a ponto de não faltar, mas se negam a se doar, e, aí, a falta é gritante, que, mesmo tendo, falta-lhes tudo. O inverso, por sua vez, seria que, nada tendo, não lhe falta nada.” (Pe. Airton)