“Se é verdade que enquanto há vida, há esperança, igualmente é verdadeiro dizer que, enquanto houver esperança, haverá vida. Aquilo que te faz querer continuar e, mesmo na aridez, motiva-te a não querer desistir tem na esperança a razão de existir. Aquilo, que apesar dos seus defeitos, traz a alegria por efeito tem na esperança o jeito certo de querer. Por exemplo: o bem que tu queiras fazer, apesar dos teus limites, tem na esperança o alento de continuar. Nada que pela esperança venha a acontecer poderá, um dia, deixar de ter continuidade, pois é ela que motiva e garante todo desejo de permanência. Apesar das feridas e cicatrizes, a vida, dom maior de Deus, é o bem principal que pela via da esperança precisa se cultivar. É ela que põe fim a toda ânsia e dá sentido aos teus dias. É ela que suscita, no mais íntimo do teu ser, o querer e o desejar, integrados no fito de acertar. Se um dia a esperança em ti vier a morrer, morrerá consigo a tua ânsia de superação de limites que lhe é concernente. Sem esperança, tão só haveria repetição de um passado, sem espaço para o novo ali emergente. Viver sem esperança é ser despossuído do que, na vida, há de mais nobre. É tudo fazer e desmerecer. Assim é viver sem esperança. Sobre isso, convém pensar, enquanto esperança houver, enquanto vida em ti existir.” (Pe. Airton)