“Eu sei em quem depositei a minha fé e eu estou certo de que ele tem o poder para guardar o meu depósito até aquele dia” (2Tm 1, 12).
Se a espera te parecer demasiadamente estendida, em proporção bem maior será a graça que te será dada, pela confiança obtida. Observa o regato em seu nascedouro e considera o rio caudaloso em que se tornará. Nasce jovem e desprotegido o que, tempos depois, em desenvoltura, liberdade madura alcançará. Mas, para que isso venha a acontecer, é preciso que o regato, em se transformando em rio, não venha a se perder.
Administrar-te, antes, é preciso, sem o que maior será o risco de que venham perdas a perder de vista a te desassistirem pelo que não pudeste conter ou porque, esvaziado, interrompeste com a fonte o fio de condução e alimentação. Por mais caudaloso que seja o rio, ele não possui, em si mesmo, razão de ser. Destituição constituída, consentida ou não, mas sem sentido.
Tu vives o espaço compreendido entre o já e o ainda não, ou seja: tu vives, no exato momento, um estado tensional entre o antigo – que ainda traz consigo os restos do que ainda é -, e um novo tempo, que já antecipa os sinais de sua chegada. Tu vives, então, um estado de tensão entre o novo que bate à porta e o que ainda resta antes de o novo, em definitivo, chegar. Prepara-te, pois, para que o novo não tarde; vê que em ti arde, intensamente, o coração, pela certeza de que está às portas o que virá como breve acontecimento.
Pela esperança, nós somos alimentados, e é a certeza do encontro que nos motiva e nos dá o encanto do achado. A chegada do novo que virá e a sua permanência, em grande parte, de ti dependerão; o que chega já dá sinais de que lá começou a chegar. É preciso que haja o ponto de entrecruzamento entre aquilo que tu desejas e o que está vindo ao teu encontro naturalmente. O que está em vias de acontecer, que traga consigo, também, a graça de permanecer.
Pensa, exatamente, sobre o momento que em ti esteja se encaminhando, alinhando-se para ocorrer pela virtude do que é permanente. Pois, se o tempo da espera trouxe consigo uma certa privação, também trouxe consigo uma lição. Que o fruto seja permanente, tendo o amor como condição. Guarda, pois, verdadeiramente, o sentido da espera e a razão do encontro. Que ambos deixem as lições que em tudo se encerra, mormente a de que só o transitório é permanente.
Pe. Airton Freire