“Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto; pois todo o que pede recebe; o que busca acha e, ao que bate, abrir-se-lhe-á” (Mt 7,7-8)
O objeto que tu buscas pode ser elemento de perda ou de encontro para ti, o que significa dizer que, naquilo que tu buscas, poderás te encontrar, e aquilo que tu encontras a perdas múltiplas poderá te levar. A questão não está em frustrar ou realizar o desejo que, em ti, de constante, aportas e que, por vezes, nem suportas e nem sabes que destino podes lhe dar. A questão está naquilo que, uma vez encontrado, poderá te tornar desencontrado e te descentralizar a ponto de não saberes mais por que vives ou por que assim estás. De maneira tal isso pode te acontecer que, antes de querer, é preciso discernir, verificar o que isso com tua opção de vida tem a ver. Querer, haverás sempre de querer; desejar, haverás sempre de desejar. A questão é se o objeto do desejo pode ser objeto de encontros ou de perdas. Pois tanto perdas quanto encontros, assim como desencontros, em tua vida, sempre houve e sempre haverá.
Alguém já disse que o que dá pra rir dá pra chorar, por isso é preciso que tenhas sabedoria, para não viveres à revelia como aqueles que trocam a noite pelo dia, e, depois, vindo o dia a clarear, como se em noite ainda estivesses e de ti mesmo não soubesses, continuasses sem saber em que tudo isso poderia dar. Por isso, prevenir é melhor que remediar. Saber para onde ir é tão importante quanto conseguir aquilo que tu estás a desejar, pois, se não souberes exatamente aonde queres chegar, tu poderás apenas ir administrando o que a vida e os acontecimentos forem te mostrando. Isso não é administrar; popularmente, chama-se de “ir escapando”, e escapar não é viver, é só protelar a inevitável dor que já podes antever: a dor do sem sentido, de viver só por viver.
Por isso, para ti, precisa primeiramente ficar claro aonde tu queres ir, bem antes de realizares, e se o que tu queres conseguir de outra coisa não esteja a se tratar e a se achar. Pois já sabes disto: a vida te ensinou que, por claramente não estar definido o que queres e, bem antes, aonde queres chegar, é que perdas muitas já se anunciaram e muitas ainda se constituíram em feridas abertas e difíceis de cicatrizar.
Volto a repetir: mais importante do que conseguir é saber para onde ir; tão importante quanto ter é saber manter; tão importante quanto chegar lá é, uma vez chegando, saber administrar. Se assim não pensares, um tempo ainda se passará para que outros acontecimentos venham a te mostrar que os que discernem têm mais probabilidade de conseguir e manter quando vierem a alcançar.