09h – Abertura da semana de comemoração dos 30 Anos da Fundação Terra com Missa em Ação de Graças, na Rua do Lixo
11h – Apresentação Coral Vozes da Terra
1 de setembro (segunda-feira):
11h – Apresentações culturais e de música das crianças atendidas pela Fundação Terra na Rua do Lixo (Samba de Coco, Grupo de Percussão “No Toque da Lata”, Maracatu)
2 de setembro (terça-feira):
10h – Plantio de 12 árvores na Rua do Lixo e áreas vizinhas, em homenagem aos 12 fundadores da Fundação Terra
3 de setembro (quarta-feira):
09h – Instalação de uma nova “cápsula do tempo”, (caixa contendo jornais do dia e informações sobre a situação da Rua do Lixo na atualidade). Local: Rua do Lixo
10h – Recital feito por crianças leitoras da Biblioteca da Fundação Terra
4 de setembro (quinta-feira):
09h – Exposição de fotografias: Fundação Terra 30 Anos em Defesa da Vida.
5 de setembro (sexta-feira):
14h – Tarde com jovens da Comunidade: gincana de perguntas e respostas sobre a Fundação Terra e a história da Rua do Lixo
6 de setembro (sábado):
09h – Missa em Ação de Graças a todos os benfeitores, apoiadores e amigos da Fundação Terra, na Rua do Lixo. Apresentação de poesia de Cordel lida pelas crianças apoiadas pela Fundação Terra, em agradecimento a todos os benfeitores, apoiadores e amigos da Fundação Terra
17h – Lançamento Selo Comemorativo 30 Anos em parceria com os Correios e autógrafo do livro “Aos Olhos de Deus”,que narra a história da Fundação Terra.
Local: Hotel Cruzeiro, em Arcoverde. (Convites à venda pelos telefones (81) 3227-5731 e (87)3821-1542).
7 de setembro: Domingo
09h – Missa em Ação de Graças na Rua do Lixo
15h30 – Caminhada pelas ruas de Arcoverde, no desfile do “Grito dos Excluídos, por famílias, jovens e demais pessoas atendidas pela Fundação Terra.
8 de setembro: Segunda-feira
09h – Missa em Ação de Graças pelos 30 Anos da Fundação Terra
Superintendente da Fundação Terra dos Servos de Deus
www.fundacaoterra.org.br
Para Deus, não há ninguém insignificante; mas, para a nossa sociedade, as pessoas podem ser insignificantes, sobretudo por motivos socioeconômicos. A situação de pobreza em que vive muita gente não é vontade de Deus, mas uma criação humana e, portanto, passível de ser modificada.
Quando o Padre Airton veio visitar a Rua do Lixo, no início dos anos 80, para evangelizar os pobres, aconteceu que, na primeira missa, logo após a consagração, na hora da elevação da santa hóstia, uma criança começou a chorar e pedir “bolacha” a sua mãe, dizendo que estava com fome. O padre ali percebeu que, mais do que a falta d’água e de alimentos, aquela gente sentia sede e fome de justiça. Então, resolveu morar naquele meio e viver como eles.
Esta foi a melhor maneira de dizer que Deus os amava; a linguagem evangelizadora mais adequada e necessária àqueles que sequer eram considerados como seres humanos; aos que “viviam” jogados à própria sorte, “alimentando-se” de restos de comida encontrados no lixo e de esmolas conseguidas nas ruas; “morando” em barracos de papelão, lata ou taipa; sem água, sanitários, luz elétrica, rua pavimentada, escola, assistência médica, sem nenhum tipo de espaço para lazer; enfim, à margem dos valores e dos progressos da sociedade cristã e ocidental.
Viver perto dos pobres e servir aos pobres no sentido stricto (do quotidiano) e no sentido lato (sistêmico) é viver uma espiritualidade de Servo de Deus, é viver a fé, é viver um estilo de vida de ser humano e cristão. Viver esta espiritualidade no terreno da prática custou muito fazer com que várias pessoas entendam isso como papel da Igreja.
Quando, na verdade, identificamos na pobreza uma questão humana global; quando, na verdade, a pobreza é morte física e, de alguma maneira, cultural; como cristãos, somos chamados a ser testemunhos da ressurreição, ou seja, da vitória da vida sobre a morte.
Recentemente, numa apresentação oral para resgatar a memoria histórica dos 30 anos da Fundação Terra, com o Pe. Airton, Wilson Freire, Wellington Santana, Marlene Sobral e “Branca”, Marlene repetiu o que o seu irmão, Tita, já havia dito noutra ocasião: “No começo, quando o padre chegou por aqui, todo mundo ficou desconfiado e se perguntando por que aquele homem letrado, novo e até bem nutrido, queria viver ali, bem dizer dentro do lixo, com eles? Mas, depois, quando ele começou a agir e chamando a gente pra conseguir as coisas, foi ganhando confiança, até que a gente viu, quando conseguiu luz elétrica pra rua e pras casas, que o padre precisava da gente e a gente dele, pra conseguir melhorar as coisas”.
No início, quem estava de fora dizia ser uma utopia do Padre Airton querer mudar aquela realidade. Outros viam nele um aproveitador com um projeto político pessoal de querer vir a ser futuro Prefeito de Arcoverde, e não só lhe fecharam as portas e janelas como também passaram a dificultar suas ações pela melhoria das condições de vida das pessoas que viviam na Rua do Lixo. Mas, o futuro viria das convicções que o Padre Airton tinha, acreditando que a pobreza é um desafio à vivência da fé que nos leva a pensar a mensagem de Cristo e que, mesmo com o sofrimento, levava-o a continuar tendo esperança.
Até que, no dia 8 de setembro de 1984, nasceu, oficialmente, a Associação Terra, que veria a ser o que é hoje a Fundação Terra. Como, em Arcoverde, o apoio era mínimo, o padre Airton foi buscar noutras plagas do Brasil e do exterior os recursos necessários para levar esta Obra adiante.
Passados 30 anos, a importância dos trabalhos desenvolvidos pela Fundação Terra durante essas três décadas é perceptível a olhos vistos por quem conheceu o passado como era e o presente como está na Rua do Lixo e, também, para a própria cidade de Arcoverde. Vejamos alguns resultados:
São ofertados serviços de creche, educação infantil, ensino fundamental, educação de adultos, cursos profissionalizantes (soldador naval, marcenaria, eletricista de altas e baixas tensões, operador de máquinas, informática, etc.), educação complementar em música, dança, oficinas de leitura, e artes marciais,… Beneficiando cerca de oitocentas crianças na cidade e duzentos e cinquenta na Malhada – zona rural; oferta-se ainda semi-internatos para cerca de trinta crianças; abrigos de idosos em Arcoverde e em Sertânia para quarenta anciões; programas de segurança alimentar, recuperação de casebres e construção de sanitários; programas de assistência judiciária; jornadas de saúde em várias especialidades médicas e odontológicas, beneficiando milhares de pessoas, além do Centro Especializado em Reabilitação – Mens Sana, que atende não somente a população de Arcoverde, mas, também, 13 cidades da região. Durante todos esses anos, são milhões de reais que ingressaram em Arcoverde para aquecer o comércio e os serviços locais e todo esse dinheiro é vindo de fora. Ademais, são mais de 250 empregos diretos e centenas de empregos indiretos, gerados pelos projetos desenvolvidos na Fundação Terra.
A Fundação Terra só é possível devido ao apoio de milhares de pessoas que no Brasil e no exterior acreditam nessa Obra marcada pela fé e a esperança num mundo melhor. A todas estas pessoas somos muitíssimos agradecidos e que continuem a fazer o bem sem olhar a quem.