Dá-nos, de novo, vir a ter a naturalidade que tínhamos antes de tê-la perdido para o que não vem de ti.
Dá-nos a fluidez das águas, quando prorrompem transparentes, em sua nascente, e escorrem límpida, humilde e tranqüilamente, juntando-se a outras águas em direção ao mar.
Dá-nos, por missão, matar a sede de muitos, lavar o sujo, refrescar no ardor, aliviar a dor… e, depois, serenamente, voltar ao fundo da terra, como fazem as águas.
Dá que jamais percamos de vista à união de todas as águas, o mar.
Dá-nos, a qualquer momento da vida ou das estações, a serena, a suave modéstia dos lagos.
Como o orvalho, dá-nos ser discretos e sem grandes pretensões.
Com os pingos da chuva que, aos milhares, caem e fecundam a terra, dá-nos sentir como somos: somos um, em meio a milhões.
Dá-nos sempre querer colaborar com os outros, a exemplo do vento que, movimentando águas, evite mortes por estagnação, próprio das águas paradas.
Dá que nos deixemos achar por quem nos procura, assim como se acham as águas que, profundas, repousam sob as camadas internas da terra.
Pe. Airton Freire
(Texto do Livro “Preces ao Pai”)
“O universo inteiro participa de um processo de constante mutação. E tu, como parte dele, também cresces e avanças em direção à tua plena realização. Toda a natureza se encaminha para um ponto de convergência universal, o ponto ômega, um ponto de “cristificação” até o momento em que tu e a própria natureza participarão, por inteiro, do eterno e indivisível desse Todo que é Deus.”
Pe. Airton Freire