“Eu tenho que quebrar a vidraça, eu tenho que quebrar o espelho. Que vidraça? Que espelho? Aquele que se interpõe entre mim e ti, e que olhando para mim tu não me vejas, mas enxergues a tua própria imagem refletida na superfície polida, acreditando que ela seja eu, mesmo quando eu esteja para além de onde tu me vês. Quando tu me vês, tu não me encaras, mas tu percebes apenas aquilo que entre mim e ti se interpõe. Falas comigo esperando uma resposta, mas tu escutas a resposta que já do teu lado há, e o que tu ouves é apenas eco do teu desejo; pois, quanto a mim, permaneço mudo do lado de lá. Eu tenho que quebrar a vidraça.”
Pe. Airton Freire