“…A festa da Imaculada Conceição exprime a grandeza do amor divino. Deus não é apenas Aquele que perdoa o pecado, mas, em Maria, chega até a evitar a culpa original, que todo homem traz consigo ao entrar neste mundo. É o amor de Deus que evita, antecipa e salva… A promessa da vitória do amor de Cristo encerra tudo na misericórdia do Pai. Sobre isto, não deixa qualquer dúvida a palavra de Deus que ouvimos. Diante de nós, temos a Virgem Imaculada como testemunha privilegiada desta promessa e do seu cumprimento.
Também este Ano Extraordinário é dom de graça. Entrar por aquela Porta significa descobrir a profundidade da misericórdia do Pai que a todos acolhe e vai pessoalmente ao encontro de cada um. É Ele que nos procura, Ele que nos vem ao encontro. Neste Ano, deveremos crescer na convicção da misericórdia. Que grande injustiça fazemos a Deus e à sua graça, quando se afirma, em primeiro lugar, que os pecados são punidos pelo seu julgamento, sem antepor, diversamente, que são perdoados pela sua misericórdia (cf. Santo Agostinho)! Devemos antepor a misericórdia ao julgamento e, em todo o caso, o julgamento de Deus será sempre feito à luz da sua misericórdia. Por isso, o cruzamento da Porta Santa nos faça sentir participantes deste mistério de amor, de ternura. Ponhamos de lado qualquer forma de medo e temor, porque não se coaduna em quem é amado; vivamos, antes, a alegria do encontro com a graça que tudo transforma.
Hoje, aqui em Roma e em todas as dioceses do mundo, ao cruzar a Porta Santa, queremos também recordar outra porta que, há 50 anos, os Padres do Concílio Vaticano II escancararam ao mundo. Esta efeméride não pode lembrar apenas a riqueza dos documentos emanados… Mas o Concílio foi também, e primariamente, um verdadeiro encontro entre a Igreja e os homens do nosso tempo… em qualquer lugar onde houver uma pessoa, a Igreja é chamada a ir lá ter com ela, para lhe levar a alegria do Evangelho e levar a Misericórdia e o perdão de Deus. O Jubileu exorta-nos a esta abertura e obriga-nos a não transcurar o espírito que surgiu do Vaticano II, o do Samaritano… Atravessar hoje a Porta Santa compromete-nos a adotar a misericórdia do bom samaritano.”
(Papa Francisco)