“O que é a ternura? É o amor que se faz próximo e concreto. É um movimento que parte do coração e que chega aos olhos, aos ouvidos e mãos. A ternura é usar os olhos para ver o outro, usar os ouvidos para ouvir o outro, para escutar o grito dos pequenos, dos pobres, de quem teme o futuro; ouvir também o grito silencioso de nossa casa comum, da Terra contaminada e doente. A ternura significa usar as mãos e o coração para acariciar o outro; para cuidar do outro. A ternura é a linguagem dos pequenos, de quem precisa do outro, das crianças e seus pais. Gosto de ouvir quando um pai ou uma mãe conversa com seu filho pequeno, quando se fazem pequenos, falando como a criança. É a ternura do abaixar-se ao nível do outro como Deus fez conosco. A ternura é o caminho que percorreram as mulheres e homens corajosos e fortes. A ternura não é fraqueza, é fortaleza. Permitam-se dizer claramente: quanto mais você é forte, mais as suas ações têm um impacto sobre as pessoas e mais você é chamado a ser humilde. Com a humildade e o amor concreto, o poder, o mais alto, o mais forte, se torna serviço e difunde o bem.” (Papa Francisco)
“Neste dia, disse Papa Francisco, Quarta-feira das Cinzas, entramos no Tempo litúrgico da Quaresma. Hoje quero falar-vos da Quaresma como caminho da esperança”. De fato, observou o Santo Padre, a Quaresma foi instituída na Igreja como tempo de preparação para a Páscoa, e portanto todo o sentido deste período de 40 dias tem no mistério pascal a sua fonte de luz ao qual está orientado.
“Podemos imaginar o Senhor Ressuscitado que nos chama a sair das nossas trevas e caminharmos em direção à Ele, que é a Luz. A Quaresma é um período de penitência, também de mortificação, mas não um fim em si mesmo; é um fim finalizado a fazer-nos ressuscitar com Cristo, a renovar a nossa identidade batismal, isto é, a renascer novamente do alto, do amor de Deus. Eis porque a Quaresma é por sua natureza, tempo de esperança.”
“Para entender melhor o significado de tudo isso, devemos fazer referência à experiência fundamental do Êxodo do povo de Israel, que Deus libertou da escravidão do Egito, por meio de Moisés, e guiou durante quarenta anos no deserto até entrar na Terra da liberdade. Foi um período longo e conturbado, cheio de obstáculos, em que, muitas vezes, o povo se viu tentado a desistir e voltar para o Egito.”
De fato, todo o caminho foi percorrido na esperança de chegar a terra prometida, e neste sentido foi um autêntico êxodo, uma saída da escravidão para a liberdade. “Cada passo, cada fadiga, cada queda e cada retomada, tudo tinha sentido só no seio do desígnio de salvação de Deus, que quer a vida e não a morte para o seu povo, a alegria e não a dor.”
“A Páscoa de Jesus, afirma ainda o Papa, é o seu êxodo. Para nos salvar, Jesus teve que se humilhar, fazendo-se obediente até à morte na Cruz, libertando-nos, assim, da escravidão do pecado. Desse modo, Jesus nos indica o caminho da nossa peregrinação pelo deserto da vida, um caminho exigente, mas cheio de esperança. Isto significa que a nossa salvação é certamente um dom, mas pois que se trata de uma história de amor, requer o nosso sim e a nossa participação como nos demonstra a nossa Mãe Maria e depois dela todos os santos.”
“A Quaresma vive desta dinâmica: Cristo nos precede com o seu êxodo, e nós atravessamos o deserto graças à Ele e atrás d’Ele. Ele é tentado por nós e venceu o Tentador por nós, mas também nós devemos com Ele enfrentar as tentações e superá-las. Ele nos dá a água viva do seu Espírito e a nós cabe a tarefa de procurar beber da sua fonte, nos Sacramentos, na oração, na adoração; Ele é a luz que vence as trevas, e nós somos chamados a alimentar a pequena chama da luz que nos fora confiada no dia do nosso Batismo. Com o coração aberto para este horizonte, entramos na Quaresma, sentindo-nos parte do povo santo de Deus, iniciamos com alegria este caminho de esperança.” (Papa Francisco)
Papa Francisco, em sua homilia do dia 26/02/2017, nos fez recordar que a angústia causada pelas preocupações é muitas vezes inútil, pois “não consegue mudar o curso dos acontecimentos”. O pontífice nos lembrou que: “existe um Pai amoroso que não se esquece nunca de seus filhos. Entregar-se a Ele não resolve magicamente os problemas, mas permite enfrentá-los com o espírito correto, corajosamente. Deus não é um ser distante e anônimo: é o nosso refúgio, a fonte de nossa serenidade e de nossa paz. É a rocha da nossa salvação, a quem podemos agarrar-nos na certeza de não cair. Quem se agarra a Deus não cai, quem se agarra a Deus, não cai nunca! É a nossa defesa do mal, sempre à espreita. Deus é para nós o grande amigo, o aliado, o pai, mas nem sempre nos damos conta disto; e “preferimos nos apoiar em bens imediatos que podemos tocar, bens contingentes, esquecendo, e às vezes rejeitando, o bem supremo, isto é, o amor paterno de Deus. Senti-lo Pai, nesta época de orfandade é tão importante! Nós nos afastamos do amor de Deus quando vamos em busca obsessiva dos bens terrenos e das riquezas, manifestando assim um amor exagerado por estas realidades”. “Jesus – recordou o Papa – dá aos seus discípulos uma regra de vida fundamental: ‘Buscai, pelo contrário, o reino de Deus’. Trata-se de realizar o projeto que Jesus anunciou no Sermão da Montanha, confiando em Deus que não desilude. Esta atitude evangélica requer uma escolha clara: ‘Não podeis servir a Deus e à riqueza’. Ou o Senhor, ou os ídolos fascinantes, mas ilusórios. Esta escolha que somos chamados a fazer, repercute depois em tantos de nossos atos, programas e compromissos. É uma escolha que deve ser feita de modo claro e renovada continuamente, porque as tentações de reduzir tudo a dinheiro, prazer e poder, estão sempre presentes. A esperança cristã é voltada ao cumprimento futuro da promessa de Deus e não se rende diante de alguma dificuldade, porque é fundada na fidelidade de Deus, que nunca falta. É fiel, é um pai fiel, é um amigo fiel, é um aliado fiel”. A confiança no amor e na bondade do Pai celeste – concluiu o Papa – “é o pressuposto para superar os tormentos e as adversidades da vida”. (Papa Francisco)