18 de abril de 2014
servos da terra

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“Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.” (Lc 23, 46)

Pe. Airton Freire, Livro “Sete Palavras”

Não entendo porque me abandonaste, mas sei para que vim ao mundo, porque me criaste. Existem desígnios que são próprios do teu coração e a ti entrego inteiramente em tuas mãos, pois sei que em ti eu posso confiar como eu desejaria que os meus em mim confiassem, que em mim nunca duvidassem, que compreendessem a misericórdia que há em meu coração e que os maiores pecadores são os que mais têm direito a perdão. Os mais sujos são os que mais têm direito a serem purificados. Os que se consideram mais indígnos são aqueles que têm mais direito a se aproximarem daquele que lhes devolverá, restituirá, dignidade.

Em tuas mãos entrego o meu espírito, o sopro que há em mim. O sopro que de ti recebi, para ti volta enfim. Nada mais tendo de mim a te entregar, já que toda a minha vida eu te dei, dou-te agora o meu espírito porque de ti recebi e de novo eu o receberei, eu ressuscitarei. A ti entrego o meu espírito.

entrego-meu-espirito_3435_1024x768A entrega mais profunda que pode fazer um ser é, por inteiro a ti se entregar e dizer: “faça-se”, como minha mãe, ao me conceber, disse, e aí se fez. Se antes pela desobediência, aconteceu a transgressão, por um ato voluntário, de total abenegação, de entrega de si, entrará no mundo, e de fato entrou, a salvação. Faça-se e o mundo foi criado. Por um consentimento, entrou o pecado, por uma entrega aconteceu a Redenção. A entrega do Filho amado, que amou até o fim os que estavam no mundo e por  todos eles  se  ofereceu, apresentando-se culpado por todos os pecados.

Em tuas mãos entrego meu espírito para que a obra tua enfim, possa acontecer, para que seja quebrada a possibilidade de não se ter acesso a ti, para que se restabeleça a ligação entre  criatura e criador e que o mundo passe da condenação à salvação pelo salvador. Em tuas mãos entrego o meu espírito, para que a obra se estabeleça em sua perfeição. Se grande foi a culpa, maior foi a regeneração. Pois, se a culpa entrou por um homem, pelo Filho unigênito entrou a salvação.

Entrego-te meu espírito. Ele está em tuas mãos. É minha última oferta, é o sacríficio do meu ser, é a entrega da minha divindade unida à minha humanidade, nas mãos daquele de quem procede todo ser. Entrego-te o meu espírito, ó Pai, porque confio em ti, porque sei que estás em mim, porque eu permaneço em ti, assim como eu desejo que não se perca nenhum daqueles que me deste, que me darás, aqueles que por ti vivem, que viverão, aqueles que por ti são e no futuro ainda serão.

Por eles eu me consagro, por eles eu me ofereço.

Em tuas mãos entrego o meu espírito, porque, mesmo que eles não mereçam eu te mereço… eu te mereço.

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Conclusão

Da mais simples forma possível foram comentadas as palavras de Jesus. Sem sofisticadas teológicas elucubrações, buscou-se transmitir os pensamentos de um coração a uma multidão de outros corações, na forma inteligível e traduzível em gestos para os quais foram as palavras proferidas na ocasião.

Este livro termina inconcluso, pois, do que disse o Senhor muito se poderia ter dito e ainda porque, na ordem do dizer, há de ficar tudo o que somente na ordem do viver se conseguir-se-á. Como apelo a se cumprir o que  significa  esse livro permanecerá.

À perfeição – este é o sentido do número sete – este livro nos convida. Se despertar tal desejo este escrito, na perfeição daquele que o inspirou, o seu fim  cumprido estará e, assim, uma vez mais, Deus será louvado e para sempre sê-lo-á.

17 de abril de 2014
servos da terra

12 (2)

“Hoje mesmo estarás comigo no paraíso.” (Lc 23, 43)

Pe. Airton Freire, Livro “Sete Palavras”

Hoje estarás comigo no lugar de onde vim, para o qual ainda voltarei depois de ter conhecido, amado Aquele por quem dei a vida, depois de ter falado aos meus tudo o que dele eu vi, tudo o quanto dele eu aprendi, tudo o quanto eu ensinei.

Hoje mesmo estarás comigo no paraíso porque sempre comigo estarão todos aqueles que ao meu lado estiveram, mormente os mais próximos ao meu coração, e tu estás junto ao meu coração traspassado, ao meu coração chagado, a quem diriges teus pedidos, tua prece, que é um pedido de perdão. Estarás comigo na casa de meu Pai, pois para isso todo homem vem a este mundo: conhecê-lo, amá-lo, reverenciá-lo e, depois de ter deixado o sinal de sua presença junto a mim, permanecerá afim de que o Reino de Deus aqui na terra aconteça e a plenitude dos céus possa encontrar.

Hoje mesmo estarás comigo no paraíso, porque não há mais tempo a esperar. Se longo foi o teu sofrimento, a purificação foi consequente com o que tinhas a pagar, a tua morte assemelha-se à minha, serás também participante da minha colheita, da minha vinha. Junto comigo estarás, nunca te abandonarei e o Pai que me ama, por mim também te amará. Basta que queiras confiar, Mesmo no último instante de tua existência, há de se chegar o momento em que tu hás de dizer: daqui pra frente é nele que, inteiramente, eu terei de confiar. É nele e só nele, que poderei me integrar. Fica para trás todo o passado entregue à misericórdia do meu Pai. Fica registrada a confiança que depositaste no Filho, de que ele não te deixará, não te abandonará, que ele te acolherá.

Hoje mesmo estarás comigo no paraíso, pois para lá todos caminham, muito embora muitos se descaminham e não cheguem lá, e quanto isso me faz sofrer,  e quanto isso aumenta o meu desejo de que eles possam me conhecer e mais intensamente me amar. Basta um sinal de tua vontade para que eu vá ao teu encontro e possa libertar, tirar do lodaçal em que possas te encontrar, para que em minha companhia, possa viver e, desde agora, ao teu lado me possam ter. O paraíso que aqui na terra se há de começar, junto a meu Pai, em plenitude, há de se alcançar. É preciso, todavia, que o inicies aqui, é preciso que vivas intensamente a vontade daquele que só te amou, que para o amor te criou e que de ti não pode desistir.

Hoje mesmo estarás comigo no paraíso, porque este é  dia que foi preparado para ti. Estarás comigo, porque sem mim nada podes fazer, sem mim não podes nada dizer, sem mim não podes te converter, a ponto algum sem mim poderás chegar. Por isso, tomo a iniciativa  de te amar. Eu só te peço  que nesse amor queiras confiar, que nele possas te firmar, jamais desconfiar. A misericórdia, a que parte de meu coração, é que te abraçará, é com ela que, afinal de contas, haverás de te encontrar em qualquer momento, em qualquer instante, em qualquer situação. Permanece junto ao meu lado traspassado, ferido, machucado e aí encontrarás alívio, consolação. Estarás comigo porque é a  melhor parte que podes encontrar. Estarás comigo porque contigo sempre quis estar. E mesmo que tardiamente, é chegado o momento em que uma decisão tens de tomar, essa que se passa agora, considerando que já vives o adiantado da hora, que não podes mais protelar, Não tens mais para quem apelar. Vida plena somente em mim podes encontrar, atendendo ao teu pedido, atendendo ao teu desejo mais profundo do teu coração, que é desejo de encontro, apesar de tantos desencontros; que é desejo de união, apesar de tanta separação.

Hoje mesmo estarás comigo. Hoje é o momento do encontro, hoje é a hora do encanto. O meu coração te encantará, o teu coração ao meu se unirá, ao Pai nos apresentaremos e por sua misericórdia fugirás do julgamento e só o abraço do acolhimento haverás de encontrar. Estarás comigo no paraíso, muito embora na terra tenhas sido provado, tenhas sido do riso destituído – até da alegria de viver – muito embora, na terra tenhas passado por provações, por um processo de despossessão, de intenso, agudo sofrimento, por razões que partiram de ti ou por  razões que vieram e que estiveram fora de ti. Acredita: tudo isto a minha misericórdia haverás de receber. De ti se pede tão somente que em mim possas e queiras crer, o resto se fará; em mim, meu Pai te perdoará.

Hoje mesmo estarás comigo no paraíso. E se tua vida até então tiver sido sem sentido, estando comigo um sentido acontecerá e, mesmo na dor, nada te faltará. O paraíso que começa agora consiste em que me conheças como Deus verdadeiro, que o Pai enviou ao mundo a fim de muito amar e, por amor, salvar.

O teu pedido não se há de recusar, porque foi o pedido de teu coração ao longo de toda a tua existência marcado por tantas falhas, por tantos erros, tanta desolação. Descobriste, enfim, que alegria verdadeira só existe em mim. Por isso, eu te digo: estou aqui e assim como vim para fazer a vontade de meu Pai, peçe-te que não te esqueças de realizar ainda neste mundo somente o que lhe agrada, porque isto é o que te faz bem, é o que te conduz à felicidade para a qual todos se encaminham, para a qual todos precisam se encaminhar. Não são as tuas faltas que podem de mim te afastar, mas a desconfiança, a descrença que podes ter nas promessas que partiram de meu coração. Essas me doem bastante, essas podem de mim te afastar. Se tiveres confiança, em ti será cessada toda a ânsia e o Pai por mim te amará, em seu seio te acolherá, em suas moradas haverás de habitar. Hoje mesmo, agora mesmo, se tu quiseres, juntos chegaremos lá.

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16 de abril de 2014
servos da terra

12 (2)

“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” (Lc 23, 34)

Pe. Airton Freire, Livro “Sete Palavras”

Há muitos que não sabem nem o que dizer, muito menos o que fazer. Há muitos que não sabem nem por onde caminhar, ao menos por onde começar. Há muitos que perderam até o motivo de viver. Outros há que dizem e desdizem e depois não sabem o que fazer por não saber mais onde se encontrar.

Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem, padecem de não saber. Não sabem porque não querem ou não querem saber. Sabem afinal de contas o que? Há muitos que não querem o que fazem e há muitos os que fazem o que não desejam querer. Há outros que fazem o mal querendo o bem e há outros que fazem bem, mesmo tendo que sofrer. Há uns que fazem só por fazer; há outros que fazem porque vêem nisso um sentido para se viver. Aqueles que fazem, achando que o seu fazer poderá levar a algum bem, mesmo que nisto possam errar, a esses a tua misericórdia alcança, a tua misericórdia pode perdoar-lhes. Quando se sabe e se faz, mais culpa se tem. Quando não se sabe e se faz por não saber, o Senhor Jesus sofre, mas perdoa, pela misericórdia que do seu lado aberto lhes advém.

Pai perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem.

Matar um filho, só um pai consegue perdoar. Aos olhos da mãe isto se passa, que ao pé da cruz está. A mãe contempla a morte do filho. O Pai recebe o pedido de perdão. O Filho é sacrificado, morto pelos pecados e pelos algozes pede perdão. Amor assim nunca se viu. Bondade ao extremo. De bondade extrema alguém nunca foi capaz. Só o amor disso é capaz. Só o amor consegue lavar todo o crime. Só o amor redime. Só ele cicatriza as feridas abertas no coração. Só o amor reconstitui  e faz reencontrar o que já se julgara perdido. Só o amor põe fim à solidão. Só o maor é capaz de restituir. Só o amor pode constituir. Só o amor é capaz de regenerar. Só a partir do perdão é possível recomeçar.

Perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem. Não sabem o horror deste crime. Não imaginam sequer que o Pai transforma em redenção este crime, este inaudível assassinato. Matam o autor da vida. Tratam como malfeitor  aquele que veio para os seus e não foi recebido, mas que o Pai deu o poder de se tornarem filhos os que o reconhecerem como salvador.

Perdoa-lhes, porque só tu podes e sabes absoluto perdoar. Perdoa-lhes, porque todo aquele que recebe o perdão recebe a condição para poder retomar, recomeçar onde tiver sido partido, dividido o que pela ingratidão tornou-se irremediavelmente quebrado, rachado, fenecido.

Eu te peço pela misericórdia de teu coração, eu te peço pelo teu amor, amor divino, humanamente impossível de ser calculado, sondado, avaliado, abismo de misericórdia, infinita bondade.

Perdoa-lhes, porque se eles forem perdoados, conseguirão também, perdoar, ao menos terão experimentado a graça de poder ter a chance de recomeçar. Perdoa-lhes, porque somente os que intensamente foram perdoados saberão o valor que tem o ato de dizer: eu te perdôo, porque também já precisei e recebi o perdão. Aquele que reconstituiu, regenerou o meu coração, aquele que me faz, agora, viver, sorrir, crer e ter a alegria de viver como antes nem conhecia, como nem percebia, tampouco sabia que essa possibilidade em alguém haveria. Eu te perdôo do fundo da minha alma. Eu te perdôo. Eu te concedo o meu perdão.

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