Na Segunda-feira Santa contemplamos a caminhada do Nosso Senhor dos Passos rumo ao calvário. Nosso Senhor dos Passos é uma invocação de Jesus Cristo e uma devoção especial na Igreja Católica. Essa procissão faz memória ao trajeto percorrido por Jesus Cristo desde sua condenação à morte no pretório até o seu sepultamento, após ter sido crucificado no Calvário.
Significado do nome Nosso Senhor dos Passos
A palavra Senhor quer dizer dono, aquele que tem o domínio e o poder sobre tal coisa. A palavra Passos, neste contexto, vem do latim e quer dizer Paixão, no passivo, no sentido de Sofrimento. Portanto, esta invocação quer dizer: Senhor, dono, dominador do Sofrimento. Ele se entregou livremente ao sofrimento por nossa causa.
Alguns textos bíblicos referentes ao Nosso Senhor dos Passos
Porque aprouve a Deus fazer habitar nEle toda a plenitude e por seu intermédio reconciliar consigo todas as criaturas, por intermédio daquele que, ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus. (Colossenses 1, 19)
Ele carregou os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro para que, mortos aos nossos pecados, vivamos para a justiça. Por fim, por suas chagas fomos curados. (1 Pedro 2, 24)
A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina. (1 Coríntios 1, 18)
Oração a Nosso Senhor dos Passos
Ó Jesus, relembro tua Paixão, teu Calvário, tuas dores. Olhando as imagens do Senhor carregando a Cruz. Imagem com a qual te invocamos sob o título de Nosso Senhor dos Passos e veneramos como símbolos de teu sacrifício e representação de teu ato de amor salvífico, que foi teu sacrifício na cruz, te pedimos como teu discípulo Pedro: Senhor, salva-nos. Salva-nos por tua Cruz, Salva-nos por teu sangue; salva-nos por tua misericórdia; salva-nos por teu amor e cura-nos de nossas feridas tanto físicas quanto espirituais, emocionais e psíquicas. Amém.
“Naquele tempo, Jesus caminhava à frente dos discípulos, subindo para Jerusalém. Quando se aproximou de Betfagé e Betânia, perto do monte chamado das Oliveiras, enviou dois de seus discípulos, dizendo: ‘Ide ao povoado ali na frente. Logo na entrada encontrareis um jumentinho amarrado, que nunca foi montado. Desamarrai-o e trazei-o aqui. Se alguém, por acaso, vos perguntar: ‘Por que desamarrais o jumentinho?’, respondereis assim: ‘O Senhor precisa dele’’. (Lc 19,28-31)
Já desde a entrada da cidade de Jerusalém, os filhos dos hebreus portavam ramos de oliveiras e alegres acenavam com eles, estendiam mantos no chão para Jesus passar sobre eles. Jesus entrou na cidade como Rei, reproduzindo a profecia de Zacarias: o rei dos judeus virá (Zc 9,9). Embora Jesus montasse um simples jumento, o cortejo caminhava, alegre e digno. Na expectativa de estar ali o Messias prometido, Jerusalém transformou-se, era uma cidade em clima de festa. E Ele era aclamado pelo povo: “Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas”. Isto aconteceu alguns dias antes de que Jesus fosse condenado à morte, quando os ecos dos gritos de “hosana” já se misturavam ao clamor de insultos, ameaças e blasfêmias que o levariam a sua Paixão redentora.
Da entrada festiva como rei em Jerusalém até o deboche da flagelação, da coroação de espinhos e da inscrição na cruz (Jesus de Nazaré, rei dos Judeus), somos levados a perguntar: Que tipo de rei aquele povo queria? E que tipo de rei era Jesus? Nosso Senhor era aclamado pelo mesmo povo que o tinha visto alimentar multidões. Era aplaudido por aqueles que o viram curar cegos e aleijados e, ainda há pouco, tinham presenciado a ressurreição de Lázaro. Impressionada com tudo isso aquela gente tinha a certeza de que este era o Messias anunciado pelos Profetas. Mas, aquele povo era superficial e mundano, julgava que Jesus fosse um Messias político, um libertador social que fosse arrancar Israel das garras de Roma e devolver-lhe o apogeu dos tempos de Salomão. E nisso estavam equivocados, enganados: Ele não era e não é um Rei deste mundo!
José, “homem justo” (Mt 1,19), decidiu-se, certa vez, por realizar um ato de desistência, “em segredo” (idem). Desistiu. Assumiu a família (esposa e filho) e cooperou, ao fazê-lo, com o plano de Deus. Reverteu, portanto, uma situação por causa de sua decisão. Sua justiça aliou-se ao bem. Do temor de “receber” (Mt 1,20) aquela que o Senhor lhe havia dado, Maria, e o que nela estava sendo gerado, Jesus, que tinha por missão “salvar seu povo de seus pecados” (Mt 1,21), José saiu de seu estado de estar sozinho (“não é bom que o homem esteja só”- Gn 2,18) e constituiu uma comunidade familiar com Maria e o menino.
Precisava José “despertar do sono” e fazer como o “Senhor lhe ordenará”. Teria José que constituir uma família, com Maria, e recebê-la “como esposa” (Mt 1, 24), reconhecendo era do “Espírito de Deus” o que com ela se passava. Maria gerava. A José gerir a família competia.
Por sinais, mensagens, o Senhor fala. Ele, o Altíssimo, faz despertar a quem se dispõe a escutá-lo. Ao lhe ser dito “tu o chamarás pelo nome de Jesus” (Mt 1,21), tinha José por missão dar nome ao Filho. Estava definido o lugar que era unicamente seu, o de ser pai daquele que, gerado no Espirito, tornava-se, ele próprio, “Deus conosco” (Mt 1,23).
Não há em José palavras. Os atos falam. Ele nada diz, nada promete, mas escuta, assume e realiza.
“E tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor.” (Mt 1,22)
Pe. Airton Freire