“Por que os doutores da lei não entendiam os sinais dos tempos e pediam um sinal extraordinário? Antes de tudo, porque estavam fechados”, disse Papa Francisco. “Eles se esqueciam que Deus é o Deus da lei, mas também o Deus das surpresas: jamais renega a si mesmo, mas sempre nos surpreende. E eles não entendiam e se fechavam naquele sistema feito com tanta boa vontade e pediam a Jesus: ‘Dê um sinal!’. E não entendiam os muitos sinais que Jesus dava e que indicavam que o tempo estava maduro. Fechamento!”, disse o pontífice. “Se a lei não leva a Jesus Cristo, não se aproxima Dele, está morta. E por isso Jesus reprova os doutores, por não serem capazes de conhecer os sinais dos tempos. “E isso deve fazer-nos pensar: eu fico preso às minhas coisas, às minhas ideias, fechado? Ou estou aberto ao Deus das surpresas? Sou uma pessoa estática ou uma pessoa que caminha? Eu acredito em Jesus Cristo – naquilo que Ele fez: morreu, ressuscitou e acabou a história – ou acredito que o caminho prossiga rumo à maturidade, à manifestação de glória do Senhor? Eu sou capaz de entender os sinais dos tempos e ser fiel à voz do Senhor que se manifesta neles? Podemos hoje fazer estas perguntas e pedir ao Senhor um coração que ame a lei, porque a lei é de Deus; mas que ame também as surpresas de Deus e que saiba que esta lei santa não é fim em si mesma”. Em caminho, reafirmou o Papa, é uma pedagogia “que nos leva a Jesus Cristo, ao encontro definitivo, onde haverá este grande sinal”.
“Rezando, pedimos tantas coisas, mas o maior dom que Deus nos pode dar é o Espírito Santo”, disse Papa Francisco. “No Evangelho (Lucas 11), há três palavras-chave: o amigo, o Pai e o dom. Jesus mostrou aos discípulos o que é a oração: é como um homem que à meia-noite foi pedir uma coisa a seu amigo. Na vida – observou ainda Francisco – existem amigos ‘de ouro’, que realmente dão tudo; e outros ‘mais ou menos’ bons. E isso ensina se formos inoportunos e intrometidos, a relação de amizade fará com que sejamos atendidos”, disse o Papa, citando o trecho do Evangelho. “Jesus disse ainda: ‘Quem de vocês, sendo pai, se o filho lhe pedir um peixe, em vez do peixe lhe daria uma serpente? Ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?’ … ‘Ora, se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas a seus filhos, quanto mais o Pai do Céu!”. “Assim – prosseguiu Francisco – não só o amigo que nos acompanha em nossa vida nos ajuda e nos dá o que lhe pedimos: também o Pai do Céu nos ama tanto. Jesus queria despertar a confiança na oração, e disse: “Peçam e lhes será dado; busquem e achareis, batam e se abrirá; porque quem pede, recebe; quem procura, encontra; e a quem bate, será aberto. Isto – afirmou o Papa – é a oração: pedir, tentar entender, bater à porta do coração de Deus. E o Pai dará o Espírito Santo a quem lhe pedir”. “Este é o verdadeiro dom, este é o ‘algo mais’ de Deus. Deus jamais te dará um presente assim, sem alguma coisa que o torne mais bonito. O que Deus nos dá ‘a mais’ é o Espírito: é o verdadeiro dom do Pai é o que a oração não ousa esperar”. “A oração – concluiu o Pontífice – se faz com o amigo, o companheiro de caminho da vida; se faz com o Pai e no Espírito Santo. O amigo é Jesus”: “É Ele que nos acompanha e nos ensina a rezar; e a nossa oração deve ser assim, trinitária. Às vezes dizem: ‘Creio em Deus’. Mas Deus não existe! Existe o Pai, o Filho e o Espírito Santo: são pessoas, não são uma idéia no ar… Este Deus-spray não existe! Existem pessoas! Jesus é o companheiro de caminho que nos dá o que pedimos; o Pai que cuida de nós e nos ama, e o Espírito Santo é o dom, é o ‘algo mais’ que nos dá o Pai, aquilo que a nossa consciência não ousa esperar.”