“Tu fazes-me pensar numa criancinha que começa a erguer-se de pé, mas que ainda não sabe caminhar. Querendo, a todo o custo, subir ao alto de uma escada para estar com a sua mãe, levanta o pezinho para subir o primeiro degrau, mas é um esforço inútil. Cai uma e outra vez, sem chegar a avançar. Muito bem: aceita ser essa criança. Pela prática de todas as virtudes, levanta sempre o teu pezinho para subires a escada da santidade. Não conseguirás subir o primeiro degrau sequer, mas o que Deus apenas te pede é a tua boa vontade. Do alto da escada Ele olha-te com amor. Rapidamente, vencido pelos teus inúteis esforços, Ele mesmo baixará e, tomando-te nos seus braços, levar-te-á para sempre para o seu reino, onde jamais te afastarás d’Ele. Mas, se não chegares a levantar o teu pezinho, Ele deixar-te-á muito tempo na terra.” (Santa Teresa de Lisieux)
Na sua última catequese, Papa Francisco quis refletir sobre as feridas que surgem no âmbito da convivência, quando a família machuca a si mesma.
“Palavras, ações e omissões que, em vez de exprimir amor, corroem-no e mortificam-no. E quando as feridas são subestimadas, acabam degenerando, se transformam em prepotência, hostilidade e desprezo. O esvaziamento do amor conjugal gera ressentimentos e a desagregação do casal recai sobre os filhos. Quando os adultos perdem a cabeça, quando cada um pensa apenas em si mesmo, quando o pai e a mãe se agridem, a alma dos filhos sofre imensamente, sentem-se desesperados. E nós? Não obstante a nossa sensibilidade, tão evoluída, parece que ficamos anestesiados diante das feridas profundas nas almas das crianças. Na família, tudo está interligado. Quando um homem e uma mulher, que se comprometeram a ser ‘uma só carne’ e formar uma família, pensam obsessivamente nas próprias exigências de liberdade e gratificação, esta distorção fere profundamente o coração e a vida dos filhos. Temos que entender bem isso: o marido e a mulher são uma só carne; mas as suas criaturas são carne da sua carne. Quando se pensa na dura advertência que Jesus fez aos adultos para não escandalizarem os pequeninos, pode-se compreender melhor a sua palavra sobre a grave responsabilidade de salvaguardar o vínculo conjugal que dá início à família humana. Quando o homem e a mulher se tornam uma só carne, todas as feridas e todo o abandono do pai e da mãe incidem na carne viva dos filhos. Há casos em que a separação é inevitável; às vezes pode se tornar até moralmente necessária, quando se fala de salvar o cônjuge mais frágil, ou filhos pequenos, de feridas causadas pela prepotência e a violência, das humilhações e da exploração, da indiferença. Ao nosso redor, há muitas famílias que se encontram na situação chamada ‘irregular’ (palavra de que não gosto). Nós nos perguntamos: Como ajudá-las? Como acompanhá-las para que as crianças não sejam ‘reféns’ do pai ou da mãe? Peçamos ao Senhor uma fé grande para vermos a realidade com o olhar de Deus; e uma caridade grande, para nos aproximarmos destas pessoas com coração misericordioso.” (Papa Francisco)