“Para além de tuas possibilidades, jamais haverás de ser tentado. O que se pede de ti é constância na fidelidade, para que possas merecer a graça, que, por sua vez, gratuitamente te é dada. Lembra: ‘Ao que é fiel nas pequenas coisas, mais ainda lhe será dado; ao que é infiel, até o pouco que tem lhe será tirado’ (Lc 8,18). O que não podes é, na provação, querer vacilar, porque isso corresponderia a ceder à tentação, por torná-la acesa por resquícios que, em ti, certamente, há. O que se aprova, na provação, é a tua capacidade de acreditar e superar, sabendo que a obra em ti iniciada a bom termo, com certeza, chegará. Nada vem para, eternamente, ficar. Guarda isto: o que atribula a ação é, exatamente, a não persistência na confiança. Havendo desconfiança, não haverá avanço. Na ansiedade, a tua alma não chegará à saciedade, por bloqueios à obra em ti iniciada.” (Pe. Airton)
“Tu precisas saber te gerir para poder gerar, pois o conhecimento de uma geração é passado em forma de um legado, esse que chegou até onde estás e pelo qual és responsável. Gerir e gerar, tu precisas. Sabendo gerir, também poderás gerar, pois, gerando sem saber gerir, acabarás por destruir e, gerindo sem poder gerar, tu trabalharás por uma inutilidade, por uma nulidade, por algo que não terá continuidade. Pois, se agires em razão de algo que tão somente em torno de ti tem acontecido, tão egoicamente centrado, contigo também isto passará, quando aqui não estiveres mais. Gerindo e/ou gerando, é preciso ficar atento a certos vazios e excessos, a determinados conteúdos e preenchimentos. Os vazios de certos preenchimentos são responsáveis por frequentes descontentamentos, os quais tu tens oportunidade de experimentar. Os vazios de certos preenchimentos dizem do indevido a que deste espaço. Quanto mais gritante for a falta, aquela que tu mais sentes, acautela-te quanto a preenchimentos.” (Pe. Airton)
“Quando eu sirvo a coisas que se opõem, eu me divido. Quando eu trago comigo coisas que são contraditórias e passo a vivê-las, eu acabo me desencontrando. Desencontros acontecem quando se tenta conciliar o que se contradiz, conciliação de difícil saída. Quando alguém se aproxima de algo de que, por princípio, sente dever se afastar, cria-se um conflito a que damos o nome de aproximação-afastamento. Tu sabes, por tua própria experiência de vida, que nem tudo o que junta soma. Há coisas que permanecem, uma em relação a outra, em justaposição, como água e óleo, pois a natureza de cada uma delas é distinta, e elas não se conciliam. Por isso, a primeira coisa a ser feita por aqueles que querem bem conviver – que são aqueles que se destinam a viver guiados pelo que significa amar – é discernir para, depois, optar; porque há coisas que andam juntas, mas não se misturam; há coisas que, mesmo próximas, estão separadas; e há coisas que, mesmo perto, não estão aliadas. É preciso discernir para poder prosseguir e para depois não vir o arrependimento. É preciso saber o que tem a ver com o que para não se perder tempo, para não se vir a sofrer. Por isso, se algo em ti provoca um certo mal-estar, inquietação, há que se verificar a razão, há que se verificar a quantas anda a relação entre mente e coração, para que não sofras nem a frieza da razão nem a tirania da paixão. É preciso discernir e, por vezes, para discernir, é preciso parar a fim de recomeçar e retomar pontos que, da forma como estão, não podem mais continuar.” (Pe. Airton)