“A paternidade diariamente se confirma, se revela e se afirma. Toda paternidade é participação naquela que procede de Deus. Todos nós agradecemos ou sofremos pelo pai que somos, que fomos, ou que não tivemos. Todos nós sofremos ou agradecemos pelos pais que desejamos ter, ou poderíamos ter sido. O pai, ou os pais, que poderíamos ter tido. Mas, o real é o Pai que conosco existe, e que com ele já convivemos ou estamos a conviver. Todo filho existe em razão de um pai. Pai sem filho não existe e filho só existe por causa do pai, de modo que é uma relação de mútuo reconhecimento. O pai é aquele que nasce e com quem nos identificamos a partir de dentro. Uma identificação que nasce a partir de dentro e com ele nos identificamos ao longo da vida, nos tempos atuais e enquanto a vida houver, sempre. Bem-aventurado o Pai que nos criou, que em seu Filho nos abençoou e que pelo seu Espírito nos congregou. Bem-aventurado o carisma que recebemos, dom do Pai que está nos céus e, como filhos na terra, nós vivemos ou então ao menos procuramos. Bem-aventurados os sinais de permanência de Deus entre nós. E, a depender de nossa fidelidade, o Senhor nos concederá muito mais o reconhecimento de viver e transmitir o carisma da Misericórdia da Divina paternidade. Feliz dia dos Pais para vocês, para todos nós. Feliz dia dos Pais hoje e sempre. Que Deus nos abençoe, com nossa ajuda, desatando os nossos nós.”
Um cheiro desse seu irmão e servo
Pe. Airton Freire
Este é meu irmão Wellington.
Os amigos alemães, das comunidades portuguesa, brasileira e espanhola,
celebraram sua recuperação com um chá. Segue firme.
Abraço amigo a todos os que se solidarizaram.
Wilson Freire
Aos Grupos da Terra:
“A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte.” (Romanos 8,2)
Os elementos constitutivos da vida a dois podem, sob diferentes ângulos e matizes, ser abordados. Quanto ao tempo que dispõem sobre conhecimento (este sempre atualizado), decisão e efetivação do vínculo entre ambos, um período, (in)suficientemente curto ou longo, há de ser dado. Trata-se de um conjunto de condições que porá em evidência o lugar de um e outro na constelação significante que, em torno deles, há de se desenrolar. Esse elemento tempo, dito do necessário ao conhecimento, sempre suscitou diferentes pontos de vista entre as partes (des)interessadas. Para todos, entretanto, o matrimônio só tem sentido enquanto instrumento que permite instalar, do lado de cada uma das partes, a regra de se viver um para o outro, sem perda da individualidade, o projeto de vida pelo qual ambos decidiram no uso de sua liberdade.
Uma nova posição marca a vida conjugal, tanto para o homem quanto para a mulher: de um lado, a necessidade de suspensão de julgamentos acerca de gestos e atitudes que, eventualmente, tenha um dos parceiros, em velada rivalidade, o que corrói, na base, qualquer relacionamento; de outro lado, a regra dita da “cumplicidade”, decorrente da primeira, pela qual ambos se percebam de um mesmo projeto fazendo parte. De movimentos espontâneos, há tudo isso que se tratar, precisa-se dizer.
Dado que a vida matrimonial está submetida a uma temporalidade e ocupa um espaço para seu desempenho, há que se prever, ao longo do seu acontecimento, uma disposição interior de se elaborar o que, entre os cônjuges, carente for de se trabalhar.Há cada um que respeitar a temporalidade do outro. Esta é a condição de permanência da relação de ambos. Pois cada um precisa elaborar conteúdos vivenciados pelo que tiver sido entre ambos criado e/ou, como vivência, trazidos de dentro para fora da relação. Há que se levar em conta a conduta do tratamento um com o outro.
No que concerne ao dinheiro, esse que circula no seio familiar ou ali é negado, em seu devido lugar há que ser colocado. Esse elemento não acontece tão-somente como supridor das necessidades, mas simboliza tanto o que supre quanto o que suprime em forma de carência. Dinheiro, no trato entre marido e mulher, não diz também tão-somente do poder de compra que cada um; pois, o dinheiro tanto salva a sua individualidade e liberdade, quanto o trabalho, para dele se manter. Na sua relação de troca, de outra “compra” poderá se tratar, bem como do poder de retribuir, atribuir, manipular. O ato de se poder, pelo dinheiro, “fazerem-se compras”, traz consigo uma função simbólica e simbolizante. Isso é tão presente, que se torna emergente, ao menos como objeto de fala, quando há “separa-ação”.
Os elementos acima apresentados se encontram concernidos de maneira a permitir se perceber a realidade que constitui, limita e flui a relação a dois. Isso torna possível repassar o que tem sido essa realidade de pacto, “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”, para além do que conforma o usualmente aceito.
Pe. Airton Freire